As seções eleitorais fecharam na Zâmbia nesta quinta-feira (12) com grande comparecimento e acusações de paralisação da internet, em uma eleição presidencial entre Edgar Lungu, que está deixando o cargo, e seu rival de longa data, Hakainde Hichilema.
Após 12 horas de votação, os colégios eleitorais começaram a fechar às 18h (13h de Brasília), altura em que ainda havia pessoas para votar nas filas que se formaram desde esta manhã.
Desde o início da manhã, centenas de pessoas faziam fila nas seções eleitorais.
Acompanhado da primeira-dama, o presidente Lungu votou em um bairro modesto no sul de Lusaka. "Os zambianos estão prontos para votar", declarou ao sair, entre simpatizantes, que esperavam por ele com os punhos erguidos.
A votação também tem outros 14 candidatos, mas a corrida eleitoral é disputada, principalmente entre Lungu, de 64 anos, e Hichilema, de 59, um empresário autodidata e carismático que concorre pela sexta vez.
Ao meio-dia, a internet foi parcialmente cortada, algo que a ONG de cibersegurança NetBlocks confirmou: "redes sociais e plataformas de mensagens, incluindo Twitter, Facebook, Instagram e Messenger estão restritas".
Hichilema reconheceu o medo da oposição de fraude e disse que o próximo líder da Zâmbia "tem que ser escolhido pelos eleitores (...) não por aqueles que contam os votos".
Enquanto verifica em seu telefone se o WhatsApp e o Facebook não estão funcionando, Edward Musayani, um estudante de 26 anos, afirma ter ficado quatro horas na fila para votar.
"Estão apagando a voz do povo, isso terá um impacto nas eleições", disse ele.
O governo ameaçou cortar o acesso à Internet se as pessoas espalharem "mentiras que poderiam desestabilizar" as eleições.
- Resultados antes de domingo -
O alto custo de vida desgastou a base eleitoral do presidente em final de mandato, apontam as pesquisas, que preveem eleições ainda mais apertadas do que as de 2016, quando Hakainde Hichilema perdeu por pouco mais de 100 mil votos.
Advogado de formação, Lungu foi criticado por tomar empréstimos insustentáveis, especialmente de credores chineses, para financiar projetos de infraestrutura chamativos.
A inflação disparou mais de 20% sob seu mandato e, no final de 2020, a Zâmbia se tornou o primeiro país da África a entrar em "default", devido à pandemia do coronavírus.
A violência esporádica colocou em choque militantes da Frente Patriótica (PF), partido da situação, e os da principal sigla da oposição, UPDN. Essa escalada levou o presidente a colocar o Exército nas ruas, na semana passada. A medida foi denunciada pela oposição como tática de intimidação.
O presidente tem se mostrado cada vez mais intransigente com a oposição desde que assumiu o poder em 2015. Este quadro aumenta os temores de distúrbios, em caso de rejeição dos resultados, que devem ser divulgados até domingo à noite.
Cerca de sete milhões de eleitores foram chamados às urnas para essas eleições, que além de presidenciais são legislativas e municipais.
* AFP