Israel restabeleceu nesta sexta-feira (25) a obrigação de usar máscara em lugares públicos fechados e em empresas, após um aumento dos casos de covid-19 em um país que se vangloriava de ter superado a crise, graças à sua campanha de vacinação.
Desde 15 de junho, os israelenses não eram mais obrigados a usar máscara, tanto em ambientes fechados quanto abertos, com mais da metade do país já tendo recebido as duas doses da vacina. Nos últimos dias, porém, as autoridades alertaram contra a propagação da variante Delta, detectada pela primeira vez na Índia e classificada como mais contagiosa do que as demais.
"Diante do aumento dos contágios, o Ministério da Saúde anunciou que, a partir do meio-dia de hoje (sexta-feira), a máscara será obrigatória em todos os locais fechados, exceto nas residências", afirma um comunicado. O órgão também recomenda aos israelenses o uso de máscara em grandes concentrações ao ar livre.
Na quarta-feira (23), o primeiro-ministro Naftali Bennett advertiu que, se o país registrasse mais de cem novos casos diários de contágio por coronavírus durante uma semana, o governo retomaria a obrigatoriedade do uso de máscaras. Desde segunda-feira (21), as autoridades de saúde registram, a cada dia, mais de cem novos casos. Na quinta-feira (24), 227 novos contágios foram identificados pelas autoridades de saúde, segundo os últimos dados disponíveis.
Os números "dobram rapidamente", disse o coordenador de combate ao coronavírus, Nachman Ash, à rádio pública Kan nesta sexta-feira.
— Esperamos que as vacinas nos protejam de um aumento das hospitalizações e de casos graves — acrescentou.
Atualmente, 48 pessoas estão internadas com covid-19 e 24 são consideradas como casos graves, segundo o Ministério da Saúde local.
Israel anunciou na quarta-feira o adiamento da reabertura de seu território aos turistas, "devido a preocupações com a possível propagação da variante Delta". No pior momento da pandemia, em janeiro, o país registrava quase 10 mil casos diários, antes da grande campanha de vacinação que permitiu reduzir o número de contágios.
Nova onda?
Após um acordo com a gigante farmacêutica americana Pfizer, que entregou milhões de doses em troca de dados sobre os efeitos da vacinação, mais de 5 milhões dos 9,3 milhões de israelenses (55% da população) já receberam duas doses da vacina contra a covid-19.
Em fevereiro, o agora ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que esta campanha transformou Israel no laboratório do mundo.
— Fizemos de Israel um modelo planetário de sucesso — disse ele em plena campanha para sua reeleição.
Netanyahu também prometeu que seu país, onde desde o início da pandemia foram impostos três confinamentos rigorosos, seria o primeiro do mundo "a superar as crises sanitária e econômica e a voltar à vida".
Bennett, que o sucedeu em meados de junho à frente do governo, alerta agora contra uma possível nova onda e pede aos israelenses que não viajem para outros países.
O retorno da máscara obrigatória se deu horas antes da Parada do Orgulho organizada em Tel Aviv. São esperadas milhares de pessoas nesta marcha que os organizadores apresentam como o maior evento deste tipo desde o início da pandemia.
Poucas pessoas no desfile usavam máscara, apesar de o Ministério da Saúde ter recomendado aos participantes que cobrissem a boca e o nariz, mesmo com a concentração acontecendo ao ar livre, observou uma repórter da AFP.
Desde o início da pandemia, Israel acumula mais de 840 mil contágios e 6.428 mortes por covid-19.