As autoridades bielo-russas informaram a tripulação do voo da Ryanair que havia uma bomba em seu avião e "recomendaram" que pousassem em Minsk - conforme transcrição do diálogo entre o piloto e a torre de controle, divulgada nesta terça-feira (25).
"Temos informações de serviços especiais que indicam que há uma bomba a bordo e que ela pode ser ativada sobre Vilnius", diz um trecho desta transcrição em inglês, divulgada pelo departamento aéreo do Ministério bielo-russo dos Transportes.
"Você pode repetir essa mensagem?", pede o piloto, que recebeu a mesma informação em seguida.
Durante este diálogo, o controlador de tráfego aéreo esclarece que a informação sobre a presença de bomba na aeronave foi enviada "por e-mail" e que essa mensagem foi compartilhada com "vários aeroportos".
Em um comunicado, o Ministério dos Transportes de Belarus reafirmou, nesta terça, tratar-se de um e-mail da organização islâmica armada palestina Hamas, reivindicando seu papel, e que a bomba explodiria sobre Vilnius, se a União Europeia (UE) continuasse a apoiar Israel.
A transcrição do diálogo com a torre de controle estabelece que foi esta última que levou a uma aterrissagem em Minsk.
Quando o piloto perguntou a origem dessa "recomendação", a torre respondeu: "estas são nossas recomendações".
O comandante-em-chefe da Força Aérea bielo-russa, que interceptou o vôo com um caça Mig-29, alegou, ontem, que foi a tripulação que tomou essa decisão, "sem ingerência externa". Disse ainda que a aeronave da Ryanair poderia ter pousado na Ucrânia, ou na Polônia.
As autoridades bielo-russas são acusadas de "sequestrar" este voo comercial Atenas-Vilnius em Minsk para deter o dissidente Roman Protassevich, um jornalista da oposição de 26 anos, que estava a bordo.
Esse desvio gerou um protesto internacional, e a UE decidiu fechar seu espaço aéreo para aviões bielo-russos para pressionar o governo do presidente Alexander Lukashenko.
Belarus convidou várias organizações internacionais para irem a Minsk, com o objetivo de determinar "as circunstâncias" desta mudança de rota.
O Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes de Belarus disse ter convidado representantes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), um órgão da ONU, além de autoridades americanas e europeias.
* AFP