Missa online, arrecadação por meio de pagamento móvel ou funerais em 'streaming'. Em Gana, um país da África Ocidental tão jovem quanto religioso, a pandemia mudou as práticas das igrejas, cada vez mais numerosas nas apostas no digital.
Cerca de 71% da população de Gana é cristã, principalmente pentecostal ou evangélica.
"Seguimos estritamente as medidas" contra a pandemia, "mas a covid-19 afetou muito o movimento na nossa paróquia", lamenta o reverendo Kofi Oduro Agyeman-Prempeh.
O país registrou oficialmente pouco menos de 100.000 casos de coronavírus e 779 mortes.
"Os números nacionais são baixos, mas o medo de contágio ainda é muito presente. Durante a missa, os fiéis hesitam antes de se levantar, dançar e cantar", explica.
Para tranquilizar os fiéis, o reverendo registrou seu centro religioso no Asoriba, um aplicativo que conecta os fiéis e sua igreja. Cerca de 2.500 estabelecimentos estão cadastrados nesta plataforma.
Desde 2015, oferece aos pastores e reverendos instrumentos para organizar eventos paroquiais, controlar a assistência à missa e comunicar-se com os fiéis. Desde a chegada da covid-19, em março de 2020, os registros aumentaram 30%.
"É inegável que o futuro será digital, incluindo o futuro das práticas religiosas", disse Savior Kwaku Dzage, um dos co-fundadores do Asoriba.
Para os fiéis conectados, o Asoriba permite oferecer contribuições online.
"Mesmo em tempos de covid, a igreja precisa de dinheiro para se desenvolver e ajudar os mais necessitados. E como o dinheiro é considerado um potencial vetor de contágio, o pagamento online é a solução perfeita", explica o empresário.
- Funerais em streaming -
Embora a maioria dos ganenses não tenha acesso à internet, grande parte da população tem menos de 30 anos e a taxa de acesso digital acelerou nos últimos anos, de 23,5% em 2015 para 55,6% em 2020.
É por isso que o reverendo Banister Tay, chefe de operações da empresa de funerais Transitions, não quer perder a digitalização.
Os enterros ganenses são famosos em todo o mundo por suas cerimônias suntuosas, apresentando música, canto e dança tradicionais. Mas, com a pandemia, tiveram que ser reduzidos ao mínimo, com uma presença limitada primeiro a 100, depois a 25.
"Foi muito difícil para nós", diz Banister Tay. "Era preciso oferecer uma solução, atendê-los virtualmente". Assim, desde 2018, a Transitions propõe um serviço de 'streaming' para funerais.
"Quando a covid chegou, já tínhamos uma vantagem", diz Banister Tay. "Antes da pandemia, apenas 1% de nossos clientes usavam nossos serviços de streaming, mas agora eles estão perto de 90%", explica ele.
Durante o funeral, três câmeras filmam a cerimônia, enquanto uma quarta fica do lado de fora para capturar imagens dos recém-chegados.
Banister Tay está otimista sobre o futuro e acredita que os funerais online perdurarão depois que as restrições contra a pandemia forem suspensas.
"Uma parte importante do nosso público são membros da diáspora. Muitos ganenses vivem no exterior e não podem voltar sempre que perdem um parente. Também pensamos nessa solução para eles", afirma.
* AFP