O presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi reeleito nesta quinta-feira (27) para um quarto mandato de sete anos, em eleições realizadas em um país destruído pela guerra, apesar das acusações do Ocidente de que o sufrágio não foi "nem livre, nem justo".
Durante uma coletiva de imprensa à noite, o presidente do Parlamento, Hammud Sabbagha, anunciou que Bashar al-Assad foi reeleito com 95,1% dos votos.
De acordo com Sabbagha, 14,2 milhões de pessoas foram às urnas, entre 18,1 milhões aptas a votar, o que representa uma taxa de participação de 76,64%.
Assad está no poder desde 2000, quando substituiu o pai Hafez, falecido após 30 anos de um governo com mão de ferro. Na terça-feira, o presidente criticou os países ocidentais, a começar pelos Estados Unidos e os países europeus, que consideraram que as eleições não foram livres.
Em 2014, Bashar al-Assad recebeu 88% dos votos, de acordo com os resultados oficiais.
Antes mesmo do anúncio oficial do resultado das eleições, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de várias cidades do país.
Na cidade costeira de Tartus, no oeste, multidões agitavam bandeiras e carregavam retratos de Bashar al-Assad, enquanto outros dançavam e tocavam instrumentos, de acordo com imagens transmitidas pela televisão síria.
Milhares de pessoas também se reuniram em Latakia, também à beira-mar, e na capital, Damasco.
Em Sweida, no sul do país, uma multidão se aglomerou em frente à sede do governado e em Aleppo vários homens montaram um palanque.
- Necessidades gigantescas -
Foi a segunda votação presidencial no país desde o começo da guerra em 2011, que já deixou mais de 388 mil mortos e levou ao exílio milhões de sírios.
De acordo com os registros, o país tem oficialmente pouco menos de 18 milhões de eleitores. Mas com a fragmentação do país pela guerra e o exílio, o número de eleitores é menor.
Em um país com economia destruída e infraestrutura dilapidada, Bashar al-Assad se apresentou como o homem da reconstrução, tendo travado batalhas militares com o apoio da Rússia e do Irã, seus aliados fiéis, e recuperado dois terços do território perdido.
Em uma Síria polarizada pela guerra, as regiões curdas autônomas do nordeste não irão reconhecer as eleições, assim como o último reduto jihadista e rebelde de Idlib (noroeste), onde vivem cerca de três milhões de pessoas.
Dois candidatos se apresentaram para disputar as eleições com Assad: o ex-ministro Abdallah Sallum Abdallah e e um membro da oposição tolerado pelo poder, Mahmud Marei. Os dois tiveram 1,5% e 3,3% dos votos, respectivamente.
A lei eleitoral exige que os candidatos tenham vivido na Síria por dez anos consecutivos antes das eleições, de modo que as figuras enfraquecidas da oposição no exílio foram de fato excluídas. A principal coalizão opositora denunciou que as eleições foram uma "farsa".
"As opiniões deles não valem nada", criticou Assad esta semana, referindo-se aos países ocidentais, que consideraram que as eleições "não foram livres nem justas".
As eleições ocorreram em meio a um marasmo econômico, com uma desvalorização histórica da moeda, inflação galopante e mais de 80% da população vivendo na pobreza, segundo a ONU.
A Síria, como o próprio Assad, está sujeita a sanções internacionais. E as necessidades de reconstrução são gigantescas.
Um relatório recente da ONG World Vision estima o custo econômico da guerra em mais de 1,2 trilhão de dólares.
* AFP