A oposição afirmou neste domingo ter vencido as eleições legislativas na Albânia, essenciais para seu sonho de entrar na União Europeia, mas o premier considerou prematuro apontar um vencedor. Segundo a Comissão Eleitoral Central (CEC), a divulgação do resultado pode levar dois dias.
O Ocidente acompanhou de perto as eleições, em que se enfrentaram Edi Rama, chefe de governo socialista, e uma oposição heterogênea encabeçada pelo líder do Partido Democrata (centro-direita), Lulzim Basha. "A vitória é clara", afirmou esse jurista, 46, sob aplausos de apoiadores. "Obrigdo a todos os cidadãos que escolheram a mudança."
As poucas pesquisas de boca de urna tiveram resultados divergentes. O premier declarou que a população deve esperar: "O resultado está nas urnas."
Após uma campanha acirrada, pontuada por insultos, denúncias de corrupção e incidentes violentos, os principais nomes das legislativas manifestaram seu desejo de apaziguamento.
Desde o fim do comunismo no país mais pobre dos Bálcãs, no começo da década de 1990, os resultados eleitorais têm sido sistematicamente contestados, e deram origem a alegações de fraudes, uma situação exaustiva, no momento em que a Albânia, vítima de um terremoto devastador no fim de 2019, sente duramente o custo econômico e de saúde da pandemia do coronavírus, que matou cerca de 2.400 pessoas no país.
"A democracia é boa, não tenho nada a reprovar à democracia, mas à classe política que luta apenas por si mesma, não por nós", disse Kosta Ranxha, de 80 anos, agrônomo aposentado.
Muitos albaneses desejam melhores condições de vida em um país onde o salário médio é de 420 euros e onde os jovens buscam sua salvação na emigração para a Itália, Alemanha ou Estados Unidos. "Os jovens não devem ir embora, devem ficar, deve haver oportunidades de emprego", comentou à AFP Berti Jusufaj, eleitor de 50 anos.
- Europa sob condições -
O primeiro-ministro socialista Edi Rama está concorrendo a um terceiro mandato contra o Partido Democrata de centro-direita, aliado a uma dúzia de partidos. "Que vença o melhor", disse ele ao votar, pedindo uma votação "livre e justa".
Do outro lado está o MSI (Movimento Socialista de Integração) fundado pelo presidente Ilir Meta, adversário do primeiro-ministro Rama. "A República deve renovar seus alicerces", declarou.
Bruxelas disse sim ao lançamento das negociações de adesão com Tirana, mas sem fixar uma data. Todos prometem concretizar as mudanças necessárias, a começar pela reforma do sistema judiciário e pelo combate ao crime organizado.
Edi Rama acusa seus oponentes de terem o desejo de derrubá-lo como seu único terreno comum, mas promete se retirar se não obtiver a maioria dos 140 assentos no Parlamento.
Ele pede tempo para concluir os projetos de infraestruturas prejudicados pela pandemia e para continuar a reconstruir as milhares de casas destruídas pelo terremoto.
Este pintor de 56 anos aposta numa campanha de vacinação em massa que deverá permitir a imunização até o final de maio de meio milhão de albaneses e a revitalização da indústria do turismo.
Já a oposição promete apoiar a economia ajudando as pequenas empresas e culpa Rama por todos os males.
Edi Rama "manipulou os resultados das eleições anteriores, dominou a economia com um punhado de pessoas, controla todos os poderes e atrapalha as perspectivas europeias da Albânia", acusa Lulzim Basha, de 46 anos, chefe dos democratas. Ele pediu aos eleitores que comparecessem em massa neste "dia em que todos os albaneses podem se expressar". Rama nega todas as acusações e acusa seus oponentes de temerem a reforma judicial em curso.
A vida política albanesa é frequentemente marcada por excessos verbais e retórica inflamada. Apesar dos pedidos de contenção da comunidade internacional, a campanha ficou tensa nos últimos dias, com a morte de um militante socialista baleado em um tiroteio com democratas que acusava o campo oposto de compra de votos. Tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia pediram uma investigação rápida.
* AFP