O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta terça-feira (2) que o presidente Jair Bolsonaro pretende participar do encontro climático com chefes de Estado e de governo organizado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington. Como o Estadão revelou, autoridades do governo americano pressionam para que Bolsonaro participe da Cúpula da Terra, em abril, e já o haviam convidado em reuniões reservadas.
O chanceler confirmou, durante entrevista à imprensa, que o Brasil já foi convidado durante contatos de alto nível político e diplomático, embora não tenha sido enviado ainda um convite formal. Ele relatou que o enviado especial para o Clima, John Kerry, expressou durante reunião virtual a expectativa de Biden de que Bolsonaro vá ao evento.
— O presidente pretende fazer parte desse esforço — disse Araújo.
O Palácio do Planalto deve usar a presença na reunião, indicou o ministro, para cobrar financiamento por parte de países desenvolvidos de ações de proteção e recuperação ambiental no Brasil.
Durante a campanha eleitoral, Biden ameaçou impor sanções econômicas ao Brasil caso Bolsonaro não agisse para conter desmatamento e incêndios na Amazônia. Então candidato democrata, o presidente norte-americano afirmou à época que reuniria outros países do mundo para pressionar o governo brasileiro e que ofereceria em troca uma quantia de U$ 20 bilhões.
Araújo disse que o Brasil vai apresentar sua contribuição determinada no Acordo de Paris, metas ambientais que o país se comprometeu a alcançar, e vai usar o fórum para cobrar repasses de dinheiro.
— Isso é aquilo que até hoje está faltando — disse Araújo, sobre o Acordo de Paris.
— O acordo é extremamente ambicioso, mas continua não havendo cumprimento de compromissos na contraparte financeira, isso certamente será uma de nossas prioridades —finalizou.