O presidente bielorrusso afirmou nesta quinta-feira (11), durante um congresso de apoiadores, que seu regime triunfou contra os "ataques" e a "guerra relâmpago" lançada contra seu Executivo, aludindo ao movimento de protesto de 2020, obra, segundo ele, de um complô ocidental.
Em um discurso pronunciado na chamada Assembleia Popular, composta por 2.700 funcionários do regime, considerou que Belarus "sofreu um ataque dos mais cruéis do exterior".
"Mas a 'guerra relâmpago' fracassou e nós mantivemos [o controle] do país", disse à assembleia, que não contou com a presença de nenhum opositor, e que debaterá o futuro político, econômico e social da ex-república soviética.
Os opositores consideram essa reunião uma farsa, especialmente porque o chefe de Estado se recusou a fazer concessões à revolta de 2020, a maior onda de protestos desde que ele chegou ao poder em 1994 e que questionou sua polêmica reeleição.
Desde agosto, mencionou apenas uma redução de suas prerrogativas e a possível convocação de eleições presidenciais antecipadas. Prometeu que daria os detalhes durante esta "assembleia popular", que se reúne a cada cinco anos e que adotará "uma resolução".
Mas hoje se limitou a pedir aos delegados que "façam reflexões".
"Devemos estudar com atenção as questões de desenvolvimento da sociedade, o papel dos cidadãos na vida política do país e refletir sobre a possibilidade de corrigir a lei fundamental", declarou.
A principal opositora e rival nas eleições presidenciais, Svetlana Tikhanovskaya, que foi forçada ao exílio na Lituânia, disse à AFP que não espera nada desta assembleia.
"Não são delegados do povo. Não significa nada para os bielorrussos", afirmou a professora de inglês de 38 anos, apoiada há meses pelo movimento de protesto nesta ex-república soviética.
De acordo com o site do governo, o tema do congresso não é uma reforma institucional, mas recomendações para o "programa de desenvolvimento socioeconômico de Belarus para 2021-2025".
Lukashenko não fez menção recentemente a uma prometida reforma constitucional e insistiu em fazer uma sondagem sobre o bem-estar da população, cujos resultados serão revelados durante a assembleia.
"Planejar algo sem conhecer o estado de ânimo da sociedade é muito difícil. Por isso se estudou o ânimo do nosso povo", explicou ele durante reunião na segunda-feira.
Antes, criticou os opositores exilados, que "choram a soluçam".
Depois de semanas de protestos que abalaram o regime, Lukashenko conseguiu sufocar o movimento com prisões em massa, violência policial e exílios forçados de todas as figuras importantes da oposição.
O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, chamou a assembleia de "uma tentativa de imitar um diálogo com a sociedade civil".
Os países ocidentais condenaram a repressão e sancionaram Minsk, mas o líder bielorrusso mantém o apoio de Moscou.
A Polícia avisou que vai "eliminar qualquer ação ilegal" nesta quinta e sexta-feira, enquanto o canal de oposição no Telegram NEXTA convocou uma manifestação.
Várias ruas no centro de Minsk permanecerão fechadas, oficialmente devido à neve, de acordo com a imprensa local.
* AFP