Um dos três homens acusados do assassinato em outubro de 2017 da jornalista maltesa especializada em assuntos de corrupção, Daphne Caruana Galizia, declarou-se culpado nesta terça-feira (23) pela primeira vez desde o início do julgamento.
"Vincent Muscat, como se declara diante das acusações?", perguntou o secretário do tribunal, ao que o acusado respondeu "culpado", observou um jornalista da AFP presente na audiência no tribunal de La Valeta.
Caruana, que tinha um blog muito popular onde denunciava a corrupção das elites do arquipélago, morreu aos 53 anos em 16 de outubro de 2017 na explosão de um carro-bomba.
Três homens com antecedentes criminais - os irmãos Alfred e George Degiorgio e Vincent Muscat - foram indiciados no dia seguinte, por suspeitos de participação em uma organização criminosa e de terem fabricado a bomba.
Desde então, eles se declararam inocentes, até a reviravolta desta terça-feira.
"São acusações graves: assassinato, conspiração. Ele corre o risco de prisão perpétua", lançou a juíza Edwina Grima contra Marc Sant, advogado de Muscat, mas o réu reiterou que se declarava culpado.
Um quarto homem ligado ao caso, Yorgen Fenech, da empresa 17 Black, foi preso em 2019 em seu iate na costa de Malta, enquanto tentava fugir.
Alguns meios de comunicação e a família da jornalista o apresentam como um possível mentor do assassinato. As audiências sobre as acusações contra ele ainda não começaram.
A prisão de Fenech levou a uma cascata de renúncias de alto nível na arena política.
O chefe de gabinete do primeiro-ministro da época, Joseph Muscat (sem vínculo com Vincent Muscat), renunciou em novembro de 2019, seguido pelo ministro do Turismo.
Por sua vez, o primeiro-ministro deixou o cargo em 1º de janeiro de 2020 e foi substituído por Robert Abela, um advogado empresarial.
* AFP