Os democratas do Congresso dos Estados Unidos deram nesta segunda-feira (11) o primeiro passo para um eventual segundo impeachment do presidente Donald Trump, algo sem precedentes na história do país e que pode colocar em risco o futuro político do presidente.
Este primeiro ato para um novo " julgamento de impeachment" do presidente republicano ocorre nove dias antes de Trump deixar a Casa Branca e o democrata Joe Biden tomar posse como o 46º presidente dos Estados Unidos.
Mas os legisladores democratas estão determinados a agir para acelerar ao máximo a saída de Trump, a quem consideram "desequilibrado" e uma "ameaça iminente" à democracia americana depois da invasão dos trumpistas ao Capitólio na semana passada, que deixou cinco mortos e chocou o mundo.
Os democratas, que controlam a Câmara dos Representantes, primeiro apresentaram uma resolução na Câmara dos Deputados pedindo ao vice-presidente Mike Pence que invocasse a 25ª Emenda à Constituição, que permite que um presidente seja destituído do cargo se for considerado inapto pela maioria do gabinete.
Mas o congressista republicano Alex Mooney se opôs à aprovação da resolução por "consentimento unânime", então ela irá para votação na terça-feira.
"Os republicanos na Câmara (dos Representantes) rejeitaram esta legislação para proteger os Estados Unidos, permitindo que os atos de sedição desordenados, perturbados e instáveis do presidente continuassem", disse a presidente da Câmara dos Representantes e líder dos democratas no Congresso, Nancy Pelosi.
"Sua cumplicidade ameaça os Estados Unidos, corrói nossa democracia e deve acabar", acrescentou ela em um comunicado. Diante deste bloqueio, os democratas apresentaram o artigo de impeachment contra Trump por "incitamento à insurreição" no ataque ao Capitólio na quarta-feira. Espera-se que esta iniciativa seja apoiada por um grande número de democratas na Câmara de Representantes, iniciando oficialmente o segundo "julgamento de impeachment" de Trump.
O presidente republicano já foi indiciado pelos democratas em dezembro de 2019 por pressionar o presidente ucraniano a investigar Biden por suposta corrupção. Trump acabou sendo absolvido pelo Senado de maioria republicana.
As regras do Senado presumem que a Câmara Alta provavelmente não poderia iniciar um novo impeachment antes de 19 de janeiro. Embora dois senadores republicanos, Pat Toomey e Lisa Murkowski, já tenham instado Trump a renunciar imediatamente, é improvável que os democratas consigam a maioria de dois terços necessária para condenar Trump no Senado de 100 membros e removê-lo do cargo.
Mas os democratas, que terão maioria no Senado depois de 20 de janeiro, podem buscar a condenação de Trump mesmo depois que ele deixar a Casa Branca, para impedi-lo de concorrer novamente a um cargo federal.
- Trump no Texas na terça-feira -
Trump, que insiste que sua reeleição foi roubada, é acusado de encorajar seus seguidores a marchar em direção ao Capitólio na quarta-feira para reverter sua derrota eleitoral, enquanto o Congresso se preparava para certificar formalmente a vitória de Biden nas eleições presidenciais de 3 de Novembro.
A multidão enfurecida invadiu o Capitólio, saqueou gabinetes e entrou em confronto com a polícia, forçando a evacuação de legisladores e criando um caos sem precedentes.
"Esta foi uma tentativa de golpe para derrubar o governo, e temos a responsabilidade como Congresso de responder a isso", disse o congressista democrata David Cicilline, que apresentou o artigo do impeachment.
Pence, muito leal ao presidente republicano por quatro anos, até agora não mostrou disposição de ativar o dispositivo para um eventual impeachment.
Trump, isolado na Casa Branca, expulso do Twitter e de outras redes sociais, pode se pronunciar nesta segunda-feira, segundo a rede de televisão CBS.
O presidente republicano planeja viajar ao Texas na terça-feira para comemorar sua política de imigração e a construção do muro de fronteira com o México.
Em silêncio desde a invasão ao Capitólio, a primeira-dama Melania Trump finalmente se manifestou nesta segunda-feira, condenando a violência, mas também denunciando ter sido objeto de "ataques" que ela não especificou.
"Acho vergonhoso que em torno desses eventos trágicos tenha havido fofocas obscenas, ataques pessoais injustificados e acusações falsas e enganosas contra mim, de pessoas que tentam aparecer e têm tópicos que desejam promover", escreveu ela em um comunicado no site da Casa Branca.
O Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, estava sob segurança reforçada nesta segunda-feira, com uma cerca de metal de cerca de dois metros de altura ao redor do prédio.
Os extremistas ameaçaram com mais ações nos próximos dias, tanto em Washington quanto nas capitais.
* AFP