Com o aval da agência reguladora na noite desta sexta-feira (11), os Estados Unidos se tornaram o sexto país a aprovar o uso da vacina da Pfizer/BioNTech para uso emergencial (focado em grupos de pessoas específicos) contra a covid-19. Já haviam aprovado antes Reino Unido, Bahrein, Canadá, Arábia Saudita e México.
O uso emergencial é uma espécie de aprovação provisória que permite a aplicação restrita, como para profissionais da saúde ou idosos. Não permite, portanto, o uso generalizado em toda a população – entenda aqui o que é o uso emergencial.
A confirmação da agência norte-americana abre o caminho para campanhas de vacinação em larga escala, com a primeira injeção prometida por Donald Trump "em menos de 24 horas". São necessárias duas doses para alcançar os 95% de proteção.
O presidente norte-americano afirmou em um vídeo publicado no Twitter pouco depois da aprovação que a notícia é um "milagre médico" e que as primeiras doses serão administradas nos Estados Unidos "em menos de 24 horas".
Na sexta-feira, o país registrou um novo recorde, com quase 235 mil casos do novo coronavírus em 24 horas, de acordo com os números da Universidade Johns Hopkins. Até agora, foram 295 mil mortes provocadas pela covid-19 e mais de 15 milhões de casos.
A autorização para uso emergencial no México havia sido anunciada poucos minutos antes da aprovação americana. O governo mexicano já havia proclamado a intenção de começar a vacinação no fim de dezembro, com um primeiro lote de 250 mil doses até janeiro. Mas precisava da autorização oficial. O México teve 1,2 milhão de contágios e mais de 113 mil vítimas fatais.
Pressão para liberação
A aprovação nos Estados Unidos foi anunciada um pouco antes do esperado e no final de um dia em que a imprensa informou que a Casa Branca havia ameaçado demitir o diretor da Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA), Stephen Hahn, caso o organismo não divulgasse a aprovação de emergência na sexta-feira.
O país espera ter 20 milhões de pessoas vacinadas ainda em dezembro, com prioridade para profissionais de saúde e residentes de casas de repouso.
O governo também anunciou que comprou 100 milhões de doses adicionais da vacina contra a covid-19 da Moderna, elevando o total a 200 milhões, após as notícias de que teria deixado passar a oportunidade de assegurar uma quantidade maior de vacinas da Pfizer. A vacina da Moderna pode ser aprovada pela FDA na próxima semana.
As vacinas da Pfizer-BioNTech e Moderna são baseadas no método RNA mensageiro e sua aprovação constitui um êxito para esta tecnologia, que não havia sido testada previamente.
Mas outras duas vacinas registraram problemas. Os laboratórios Sanofi (francês) e GSK (britânico) sofreram um duro revés e anunciaram que sua vacina só deve ficar pronta no fim de 2021, após resultados abaixo do esperado nos primeiros testes clínicos.
A Austrália abandonou os testes de uma vacina própria, depois de um falso positivo para HIV, o vírus da aids, entre os participantes.
Recorde no Brasil
Em todo o planeta, a covid-19 provocou mais de 1,59 milhão de mortes desde que foi detectado na China pela primeira vez no fim do ano passado.
O Brasil superou na sexta-feira a marca de 180 mil vítimas fatais, o segundo maior número de mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
O aumento do número de casos da doença levou diversos Estados a adotar novas medidas preventivas, mas o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em passagem pelo Rio Grande do Sul, que o país está no "finalzinho" da pandemia.
O Peru, com mais de 980 mil casos confirmados e mais de 36,5 mil mortes, suspendeu na sexta-feira o teste clínico de uma potencial vacina chinesa para covid-19, como precaução após a detecção de problemas neurológicos em um voluntário do estudo.
O Reino Unido se tornou esta semana o primeiro país ocidental a autorizar a vacina Pfizer-BioNTech. Ao mesmo tempo, o laboratório britânico AstraZeneca e a Rússia anunciaram testes clínicos que combinam suas duas vacinas (a russa é a Sputnik V) contra o coronavírus para obter uma "melhor resposta imunológica".
Rússia e China iniciaram campanhas com vacinas de produção nacional que ainda não estão definitivamente aprovadas.
Aumento de contágios na Coreia do Sul
A Coreia do Sul anunciou neste sábado um recorde de casos diários, com 950 novas infecções, após vários dias com resultados entre 500 e 600, a maioria na região metropolitana de Seul.
E na China, a detecção de dois casos de coronavírus em duas cidades próximas à fronteira com a Rússia, Dongning e Suifenhe, provocou medidas de confinamento e uma campanha em larga escala de testes.
Na Europa, vários países registram níveis elevados de contágio e adotaram medidas de restrição para as festas de fim de ano.