Com a reabertura do estratégico porto de Dover, o Reino Unido começou a sair do repentino isolamento determinado pelos países vizinhos após a descoberta de uma nova cepa do coronavírus. A variante do vírus estará na pauta desta quarta-feira (23) da reunião de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pela primeira vez desde domingo (20), veículos com passageiros foram autorizados a cruzar o Canal da Mancha e chegaram na terça-feira (22) à noite ao porto francês de Calais, procedentes de Dover, sudeste do Reino Unido.
O governo britânico afirmou que serão necessários vários dias para acabar com o engarrafamento na região e permitir que milhares de caminhões bloqueados na área do porto entrem na França, depois do anúncio de um acordo com Paris que autoriza a entrada de motoristas que testaram negativo para covid-19.
Quase 4 mil caminhões permaneciam parados na terça à noite nos arredores do porto: de 700 a 800 na rodovia que vai de Londres a Dover; e cerca de 3 mil em um aeroporto desativado da região, onde os caminhoneiros são submetidos aos testes de detecção, informou o ministro britânico das Coletividades Locais, Robert Jenrick. A reabertura do porto estratégico, depois do acordo entre Londres e Paris, acaba com os temores de possível desabastecimento no país.
França e Bélgica anunciaram na terça uma flexibilização das restrições decretadas após o surgimento, confirmado no domingo, de uma nova cepa de covid-19 no Reino Unido. Sua transmissão seria entre 40% e 70% mais elevada, mas não necessariamente mais letal, segundo as autoridades de saúde.
França, Bélgica, Holanda e República Tcheca autorizaram nesta quarta-feira (23) o retorno, a partir do Reino Unido, de seus cidadãos e residentes em seu território, ou na União Europeia (UE), desde que apresentem um resultado negativo de exame da covid-19.
A Alemanha, que como dezenas de países também cortou as conexões com o país, não anunciou mudanças em suas restrições, previstas para vigorarem até 6 de janeiro. A Espanha permite o retorno apenas de seus cidadãos.
Reunião da OMS
O Reino Unido registrou um aumento considerável dos contágios, após um período estável no fim de novembro. Na última semana, o país contabilizou quase 225 mil infecções, o maior número em sete dias desde o início da pandemia. Neste contexto, a divisão europeia da OMS se reúne nesta quarta para discutir estratégias para tratar a variante do coronavírus.
— Será uma reunião a portas fechadas de especialistas e uma oportunidade para que as autoridades de saúde britânicas apresentem um balanço da situação e respondam às perguntas relacionadas — disse uma fonte da OMS.
A campanha de vacinação na UE começará no domingo (27), depois que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou a vacina da Pfizer/BioNTech.
Nesta quarta, a Suíça começou a imunização: uma idosa de mais de 90 anos do cantão de Lucerna foi a primeira pessoa a receber a vacina na Europa continental. O Reino Unido iniciou a vacinação há duas semanas.
O laboratório alemão BioNTech, que criou em parceria com o grupo americano Pfizer a primeira vacina contra a covid-19 aprovada internacionalmente, afirmou que poderia apresentar, se necessário, no prazo de "seis semanas" uma vacina adaptada à nova cepa do vírus.
Trump rejeita plano de apoio econômico
Nos Estados Unidos, país mais afetado do planeta em número de mortes (322.849) e de infecções (mais de 18 milhões), o presidente Donald Trump rejeitou a lei de alívio econômico aprovada após meses de árduas negociações pelo Congresso para atender à crise provocada pela pandemia e exigiu uma série de "emendas".
— Realmente é uma desgraça — disse Trump.
Ele criticou a ajuda a famílias, nas quais há pessoas em situação irregular no país, assim como a inclusão de recursos para outros temas, ao mesmo tempo em que pediu o aumento da ajuda às pessoas mais necessitadas, estipulada em US$ 600 e que ele quer ampliada para US$ 2 mil.
A pandemia provocou mais de 1,7 milhão de mortes em todo planeta e quase 78 milhões de contágios. Na América Latina, o México anunciou que começará a vacinação na quinta-feira (24) com o fármaco da Pfizer/BioNTech.
Na terça, o Peru superou a marca de um milhão de casos confirmados (mais de 37 mil óbitos). No Brasil, o estado de São Paulo anunciou restrições para o período de Natal e Ano Novo ante o avanço da pandemia.