Confinamentos gerais na França ou Inglaterra, parciais como em Portugal, toques de recolher noturnos como na Itália: um após o outro, os países europeus anunciam novas restrições diante de um vírus que continua se propagando.
A epidemia de covid-19 matou pelo menos 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo. Os Estados Unidos, que aguardam ansiosamente os resultados da eleição presidencial, contabilizam o maior número de mortes (mais de 231.000).
Mas a Europa é a região onde o vírus avança mais rápido: foram identificados mais de 11 milhões de casos, metade deles divididos entre a Rússia, que nesta quarta-feira registrou novos recordes de contaminações e mortes, França, Espanha e Reino Unido.
Na Itália, ainda traumatizada pela primeira onda de primavera (hemisfério norte), o chefe de Governo, Giuseppe Conte, assinou um decreto durante a noite estabelecendo um toque de recolher em todo o território nacional a partir de quinta-feira. Circular entre 22h e 5h até 3 de dezembro será proibido.
As escolas de ensino médio serão fechadas e os shoppings também terão que interromper as atividades durante o fim de semana.
As 20 regiões da Itália serão divididas em zonas verde, laranja e vermelha, dependendo da gravidade da situação epidemiológica, e nas quais medidas mais ou menos restritivas serão aplicadas.
Primeiro país afetado na Europa pela epidemia de covid-19 em fevereiro, a Itália registrou mais de 39.000 mortes em mais de 750.000 casos.
- Pubs ingleses desolados -
Depois da França, onde o número de mortes ligadas à covid-19 continua a aumentar, com 430 óbitos em 24 horas anunciadas na noite de terça-feira, Alemanha, Bélgica e Reino Unido se preparam para se confinar na quinta-feira.
Já em dificuldades por meses de pandemia, os pubs ingleses, epicentro da vida social, servem nesta quarta suas últimas canecas com desolação, antes de pelo menos um mês de confinamento.
No movimentado bairro londrino de Soho, Joe Curran, proprietário do pub The Queen's Head, se pergunta o que acontecerá com seu negócio.
"Vamos pagar por isso por anos. Esse fechamento vai nos custar milhares (de libras) a mais", lamentou, em entrevista à AFP. "Quando você está preso a um fio, precisa pensar seriamente no que isso acarreta".
Até 2 de dezembro, lojas não essenciais na Inglaterra terão que fechar, enquanto restaurantes, pubs e cafés só poderão fazer entregas ou servir para viagem.
No entanto, as escolas permanecerão abertas no país mais enlutado da Europa, com quase 47.000 mortos.
Em Portugal, a maior parte do país entrou em novo confinamento nesta quarta-feira, mais leve que o da primavera, mas o governo poderá em breve tomar medidas mais severas.
O reconfinamento afeta 70% de uma população de quase 10 milhões de habitantes e permanecerá em vigor por pelo menos duas semanas.
O teletrabalho passou a ser obrigatório, mas as escolas continuam abertas, assim como as lojas e restaurantes, que devem, no entanto, fechar as portas mais cedo.
- Exceção finlandesa -
Em outros lugares da Europa, a Holanda reforçou as restrições, fechando museus, cinemas, zoológicos, clubes de sexo e outros lugares abertos ao público por duas semanas.
A Áustria, onde um ataque islâmico matou quatro pessoas na noite de segunda-feira, agora vive sob toque de recolher noturno e as reuniões privadas são limitadas a no máximo duas casas.
Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orban impôs o retorno do estado de emergência que lhe permite governar por decreto, dizendo temer a saturação dos hospitais em meados de dezembro.
O toque de recolher foi imposto da meia-noite às 5 da manhã no país cujo ministro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, testou positivo para covid-19.
A Turquia agora exige que seus restaurantes, locais culturais e a maioria das lojas fechem antes das 22h.
A Grécia está "se preparando para o pior cenário", disse o porta-voz do governo Stelios Petsas na terça-feira. Um toque de recolher da meia-noite às 5 da manhã já foi imposto desde 22 de outubro e novas restrições entraram em vigor na terça-feira.
A Rússia, por sua vez, registrou 19.768 novos casos do novo coronavírus e 389 mortes na quarta-feira, quebrando os recordes estabelecidos há poucos dias. Mas as autoridades ainda garantem que não planejam grandes medidas de contenção no país, que registrou 1.693.454 casos e 29.217 mortes desde o início da pandemia do coronavírus.
E, enquanto a maioria dos países europeus endurece suas medidas, às vezes irritando as pessoas, a Finlândia mostra uma tendência totalmente diferente: a taxa de infecção está caindo e os habitantes locais apoiam amplamente as restrições.
* AFP