O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, afirmou neste domingo (8) que suas tropas assumiram o controle da estratégica cidade de Shusha, na república separatista de Nagorno-Karabakh. A Armênia negou imediatamente e admitiu intensos combates na região.
A tomada de Shusha seria uma grande vitória para o Azerbaijão após seis semanas de combates em Nagorno-Karabakh, uma região azerbaijana de maioria armênia que se separou na década de 1990.
Shusha, erguida no topo de uma montanha - o que faz dela uma fortaleza natural -, está localizada a apenas quinze quilômetros da capital de Nagorno-Karabakh, Stepanakert, e na estrada principal que liga a autoproclamada república à Armênia, seu principal apoio.
A cidade também é um símbolo para os azerbaijanos, que a consideram um de seus principais centros culturais.
"Com grande orgulho e alegria, informo que a cidade de Shusha foi libertada", disse Aliyev, durante um discurso à nação transmitido pela televisão.
Ele declarou que 8 de novembro "ficará na história do povo do Azerbaijão" como o dia "em que retornamos à Shusha".
Há vários dias, combates intensos acontecem nesta cidade apelidada de "Jerusalém de Nagorno-Karabakh".
A Armênia, que apoia a autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, negou as reivindicações do presidente Aliyev, garantindo que "a luta continua" pela cidade.
"Durante a noite, combates violentos foram travados nas proximidades de Shusha", disse a porta-voz do Ministério da Defesa da Armênia, Shushan Stepanian, no Twitter.
O governo armênio, por sua vez, afirmou que "combates intensos e decisivos continuam pelo (controle de) Shusha", assegurando que a captura da cidade era "um sonho ilusório irrealizável para o Azerbaijão".
"Apesar dos grandes danos, a cidade-fortaleza resiste aos golpes do adversário", acrescentou.
Em Baku, capital do Azerbaijão, muitos moradores saíram às ruas com o anúncio de Aliev para comemorar a captura da cidade. Buzinas ecoaram na capital, com muitos azerbaijanos nas janelas de seus carros agitando a bandeira do país.
O anúncio também foi saudado pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que apoia o Azerbaijão.
"A libertação de Shusha é um sinal de que a libertação dos outros territórios ocupados está próxima", disse ele em um discurso transmitido pela televisão, acrescentando que "a alegria do Azerbaijão é a nossa alegria".
Desde o final de setembro são travados combates entre o Azerbaijão e os separatistas apoiados pela Armênia pelo controle de Nagorno-Karabakh, uma região que se separou de Baku durante uma guerra na década de 1990.
Esses novos combates são os mais violentos em quase trinta anos e deixaram mais de 1.250 mortos, mas o número de vítimas é provavelmente muito maior, uma vez que o Azerbaijão não comunica suas baixas militares.
Várias tentativas de cessar-fogo sob mediação de Moscou, Paris e Washington - três capitais que formam o Grupo de Minsk da OCDE encarregado desde 1994 de encontrar uma solução para o conflito - fracassaram assim que entraram em vigor.
A disputa é observada de perto por duas grandes potências regionais, a Rússia, que está ligada a uma aliança militar com a Armênia, e a Turquia, que apoia firmemente Baku, sendo acusada de enviar mercenários pró-turcos da Síria para lutar ao lado das tropas do Azerbaijão.
* AFP