A noiva do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em Istambul em 2018, apresentou nesta terça-feira (20) uma denúncia em Washington contra o príncipe-herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, e vários outros suspeitos de envolvimento no crime.
Colaborador do jornal The Washington Post e crítico do governo de Riade, do qual já foi próximo, Khashoggi foi assassinado e esquartejado no consulado da Arábia Saudita em Istambul, aonde havia ido buscar um documento. Seus restos nunca foram encontrados.
Hatice Cengiz, sua noiva de nacionalidade turca, estima que membros da embaixada saudita em Washington "atraíram" o jornalista "ao consulado saudita na Turquia através de um ardil (segundo o qual) era o único lugar em que poderia obter o documento que precisava".
"Esta falsa orientação ocorreu nos Estados Unidos e faz parte de uma conspiração maior destinada a impactar diretamente as atividades políticas de Khashoggi nos Estados Unidos", diz a denúncia apresentada em um tribunal federal americano.
A denúncia aponta especialmente para o príncipe-herdeiro saudita e para "muitos membros de seu círculo próximo", entre eles o ex-conselheiro Saoud al-Qahtani e o ex-número-dois da inteligência, o general Ahmed al-Assiri.
Ambos foram identificados pelos investigadores turcos como organizadores do assassinato e foram processados por um tribunal de Istambul.
Cengiz exige uma indenização, cujo valor deveria ser estabelecido pela Justiça.
A morte de Khashoggi mergulhou a Arábia Saudita em uma de suas piores crises diplomáticas e prejudicou a imagem do príncipe herdeiro, que foi apontado por turcos e americanos como arquiteto do crime.
Após negar o assassinato, Riad afirmou que foi cometido por agentes que agiram por conta própria e sem receber ordens de seus superiores.
Em dezembro passado, cinco sauditas foram condenados à morte e outros três a penas de prisão por um tribunal saudita. As penas de morte foram comutadas em setembro.
* AFP