Depois de um tumultuado debate há três semanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu adversário na disputa eleitoral, o democrata Joe Biden, travaram um segundo duelo com menos trocas de insultos, mas ainda com bastante ataques e um pouco mais focado em propostas, embora muitas vezes sem muito detalhamento.
Foi o segundo e último duelo direto antes da eleição marcada para 3 de novembro. O encontro ocorreu em Nashville, no Tennessee. Foram propostos seis temas — pandemia, segurança nacional, famílias americanas, questão racial nos Estados Unidos, mudanças climáticas e liderança. Esses assuntos foram pré-definidos pelos organizadores.
A Comissão Eleitoral responsável pela preparação do debate também adotou uma medida para conter arroubos dos candidatos. No momento em que cada um teve dois minutos no começo de cada um dos seis segmentos, o microfone do adversário foi silenciado. Depois, havia uma discussão aberta em que os microfones eram mantidos abertos.
As mudanças impediram as interrupções, mas não as discussões. Logo no início, quando debatiam a pandemia de coronavírus e as medidas de combate, Trump e Biden discordaram duramente.
— Quem quer que seja responsável por tantas mortes não deveria continuar sendo o presidente dos Estados Unidos — disse Biden, citando os 222.220 mortos devido à pandemia no país, o maior índice do mundo.
Trump respondeu às acusações afirmando que sua gestão combate o vírus com firmeza e que a vacina "está a caminho" e será "possivelmente anunciada em semanas".
— Nós não podemos nos trancar no porão, as pessoas não podem, como o Biden faz. Talvez ele tenha muito dinheiro em algum lugar. Eu peguei, eu aprendi muito, com grandes doutores, ótimos equipamentos, e consegui. 99% dos jovens pegam e se recuperam. O país pode se recuperar. A cura não pode ser pior que a doença — disse Trump, defendendo medidas de flexibilização do distanciamento social.
Biden respondeu criticando a fala de Trump.
— As pessoas estão aprendendo a morrer com isso. Tem gente com uma cadeira vazia no jantar, esposas e maridos com uma cama vazia. Você disse para as pessoas que é perigoso? Ele disse: "Eu não tenho responsabilidade" — declarou Biden.
— Eu tenho responsabilidade. Mas não é minha culpa. É culpa da China — declarou Trump.
Imigração
Quando discutiram sobre segurança nacional, ambos avançaram em polêmicas de cada um na relação com outras nações. Trump destacou o relacionamento de Biden com a empresa ucraniana Burisma quando era vice-presidente de Barack Obama, além de ressaltar a participação do filho, Hunter Biden.
Já o democrata afirmou que o republicano obteve ganhos em negócios com a China, acrescentando que o presidente teria contas naquele país. E voltou a dizer que seu adversário não mostrava as declarações de imposto de renda.
Os dois também atacaram um ao outro quando discutiram sobre imigração.
– Crianças são trazidas aqui por coiotes, por cartéis, e por pessoas bem más. Eles (democratas) criaram as celas. Elas foram criadas em 2014. Eles fizeram – acusou Trump.
– Mais de 500 crianças vieram com os pais. Foram separadas dos pais. Não foram coiotes, foram pais. Foram separadas dos pais. Viola toda a noção que nós temos como uma nação – revidou Biden.