As forças separatistas armênias de Nagorno-Karabakh e o exército do Azerbaijão continuam se enfrentando nesta segunda-feira (12), apesar de um acordo de cessar-fogo humanitário, negociado com a mediação da Rússia, que deveria estar em vigor desde sábado.
O ministro das Relações Exteriores da Armênia está em Moscou para uma reunião nesta segunda com o Grupo de Minsk da OSCE, co-presidido pela Rússia, França e Estados Unidos, mediador histórico do conflito. O ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão participou de um encontro semelhante na semana passada em Genebra.
Apesar do fracasso de quase três décadas de mediação, os diplomatas querem convencer os armênios e azerbaijanos a voltar às negociações e encerrar os combates em curso, os mais mortíferos no conflito de Nagorno-Karabakh desde 1994.
Da capital separatista, Stepanakert, um jornalista da AFP ouviu fogo de artilharia vindo do sudoeste da autoproclamada república pela manhã. Mas, ao contrário das noites anteriores, a cidade foi poupada dos bombardeios.
Outros repórteres da AFP puderam ouvir fogo de artilharia vindo do distrito de Terter, no noroeste de Karabakh.
A trégua humanitária, que foi negociada em Moscou e que permitiria a troca de prisioneiros e mortos, deveria ter entrado em vigor no sábado ao meio-dia, mas nunca foi respeitada.
Depois da União Europeia e do papa no domingo, o Irã, que faz fronteira com os países em guerra, "lamentou as violações do cessar-fogo" e nesta segunda-feira pediu "a ambos os lados que mostrem moderação".
- Situação confusa no terreno -
Como de costume desde a retomada dos combates em 27 de setembro, os beligerantes culparam-se mutuamente pelas hostilidades e reivindicaram sucessos no campo de batalha que não puderam ser verificados de forma independente.
A situação no terreno permanece obscura.
O ministério da Defesa do Azerbaijão informou nesta segunda-feira no Twitter que as forças separatistas estavam bombardeando os distritos de Goranboy, Terter e Agdam e que estavam "exaustas" e se retirando da região de Hadrut.
O centro de informação do governo da Armênia assegurou, por sua vez, que o exército azerbaijano foi forçado a recuar e que sofreu "numerosas perdas em termos de vidas humanas e equipamento militar".
Nagorno-Karabakh, um território com população predominantemente armênia, se separou do Azerbaijão, desencadeando uma guerra que ceifou 30.000 vidas na década de 1990.
Desde então, Baku acusa a Armênia de ocupar seu território e confrontos armados são recorrentes.
No entanto, os combates iniciados em 27 de setembro entre as tropas separatistas - apoiadas pela Armênia - e o Azerbaijão são os mais sérios desde o cessar-fogo de 1994.
A comunidade internacional expressou repetidamente sua preocupação com a retomada dos combates e clama, em vão, por uma trégua.
Até à data, quase 500 mortes foram registradas, incluindo cerca de 60 civis, um número que poderia ser muito maior, já que o Azerbaijão não revela suas baixas militares.
Cada lado afirma ter matado milhares de soldados inimigos e acusa o outro de ataques deliberados em áreas civis povoadas.
O Azerbaijão, que gastou muito em armas nos últimos anos e tem o apoio da Turquia, alertou que suas operações militares só cessarão definitivamente se a Armênia se retirar de Nagorno-Karabakh.
A comunidade internacional teme que o conflito se internacionalize. A Turquia encoraja o Azerbaijão a partir para a ofensiva e a Rússia tem um tratado militar com a Armênia.
Também houve acusações de que a Turquia enviou combatentes pró-turcos da Síria para lutar ao lado dos azerbaijanos, o que o Azerbaijão nega.
* AFP