As forças armênias e azerbaijanas em Nagorno Karabakh não davam sinal de trégua nesta quinta-feira (8), poucas horas antes de uma primeira reunião em Genebra dos mediadores internacionais do conflito.
Os bombardeios azerbaijanos continuaram durante toda a noite em Stepanakert, capital do território separatista, assim como em áreas habitadas do Azerbaijão.
Rússia, Estados Unidos e França, que lideram o Grupo de Minsk dentro da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), se reunirão nesta quinta-feira com o ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, Ceyhun Bayramov.
O Grupo de Minsk atua como mediador neste conflito desde os anos 1990. A primeira guerra entre separatistas armênios e forças azerbaijanas nos anos 1990, após o colapso da União Soviética, deixou 30.000 mortos.
O Azerbaijão afirma que está decidido a reconquistar Nagorno Karabakh, uma região separatista habitada principalmente por armênios, e alega que apenas uma retirada das forças separatistas e armênias poderia acabar com o conflito.
Uma fonte da diplomacia armênia descartou uma reunião de ministros dos dois países em Genebra, porque "não se pode negociar com uma mão e fazer operações militares com a outra", e voltou a denunciar a agressão do Azerbaijão contra Nagorno Karabakh.
Nenhum representante armênio é aguardado na cidade suíça, mas o chanceler do país será recebido na segunda-feira em Moscou por seu colega russo, Serguei Lavrov.
No campo de batalha, no 12º dia de combates os bombardeios prosseguem contra zonas habitadas, sem nenhum sinal de apaziguamento.
As autoridades separatistas afirmam que metade dos quase 140.000 habitantes de Nagorno Karabakh foram deslocados pelo conflito.
Stepanakert, a capital da autoproclamada república de Nagorno Karabakh, foi novamente alvo de bombardeios azerbaijanos durante a madrugada de quinta-feira.
As sirenes de advertência foram ouvidas a intervalos regulares na cidade, seguidas de fortes explosões, em grupos de três ou quatro.
As armas utilizadas pelas forças azerbaijanas não são conhecidas com exatidão, mas as autoridades locais afirmaram que o bombardeio de áreas urbanas acontece coma foguetes Smerch de 300 mm.
Muitas casas de Stepanakert foram destruídos nos ataques, que em alguns casos provocaram crateras de até 10 metros.
Drones também são observados sobre a cidade e executam disparos isolados, aparentemente com alvos específicos.
O Azerbaijão, por sua vez, acusou nesta quinta-feira os separatistas armênios de terem "atirado contra áreas habitadas" por civis, citando os distritos de Bardinsk, Agdjabedin, Goranboy, Terter e Agdam.
"Há mortos e feridos", afirmou o ministério da Defesa.
O balanço oficial dos combates desde 27 de setembro é de entre 300 e 400 mortos, incluindo quase 50 civis.
Mas os números são parciais e o Azerbaijão não divulga suas perdas militares. Os dois lados afirmam que mataram milhares de soldados inimigos.
Analistas temem a internacionalização do conflito, em uma região onde Rússia, Turquia, Irã e os países ocidentais têm os próprios interesses.
A Turquia já foi acusada de apoiar o Azerbaijão com equipamento e combatentes.
O presidente russo, Vladimir Putin, que tem um papel de árbitro regional, advertiu que, caso as hostilidades se propaguem de Karabakh para o território armênio, a Rússia cumprirá com suas "obrigações" derivadas de sua aliança com a Armênia.
* AFP