Um romance inacabado de Mario Benedetti foi encontrado há poucos dias em um arquivo de Montevidéu, anunciou a fundação que leva o nome do famoso escritor uruguaio nesta segunda-feira, no centenário de seu nascimento.
"É um romance inacabado que estava no arquivo onde se encontram vários documentos, cartas, originais e outros de Mário, que está em permanente processo de estudo e análise", disse à AFP Roberto López Belloso, coordenador da Fundação Benedetti.
A inesperada descoberta, ocorrida há poucos "dias", ocorreu por acaso depois que, a pedido de jornalistas, membros da fundação revisaram seu arquivo em busca de cartas que Benedetti trocou com outro escritor.
"Como se tratava de uma área do arquivo que ainda não estava cem por cento sistematizada, surgiu esta pasta", disse López Belloso.
Nas 80 páginas encontradas, o escritor aborda a questão dos uruguaios voltando do exílio e como alguns deles acabam voltando novamente à Espanha.
"A ação se passa aparentemente no início dos anos 1990, o que não significa que tenha sido escrita naquela época", disse López Belloso.
As "múltiplas correções feitas à mão com sua carta" tornam "indubitável" que se trata de um texto do escritor, falecido em 2009.
A fundação, criada a pedido do próprio Benedetti em seu desejo de preservar sua obra, apoiar a literatura e promover os direitos humanos, vai agora analisar o material para publicá-la.
"Ele o deixou rotulado em uma pasta como 'romance inacabado não publicado', com o que temos certeza de que sua vontade é a publicação, e agora estamos em processo de estudo aprofundado do material para saber como vai ser impresso", disse López Belloso.
O coordenador acredita que o texto provavelmente será publicado como está, "talvez com algum material anexo", mas sem tocar no original.
"Foi uma verdadeira coincidência que ainda não pudemos fazer uma análise profunda dos passos a dar e, claro, não sabemos os tempos de publicação, mas o interesse por um texto de Mario é muito grande em todo o mundo".
A fundação divulgou a notícia em entrevista coletiva, na qual também anunciou o poeta chileno Raúl Zurita como o vencedor do Prêmio Internacional de Luta pelos Direitos Humanos, que a entidade entrega anualmente.
* AFP