O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, elogiou as empresas privadas dos Estados Unidos diante das novas oportunidades econômicas chinesas no Suriname, primeira parada de uma viagem pela América do Sul que também o levará a Guiana, dois pequenos países que despertaram o interesse das potências mundiais devido à recente descoberta de petróleo na região.
Nenhuma empresa estatal "pode superar a qualidade dos produtos e serviços das empresas privadas americanas", declarou Pompeo após conversar com o recém-eleito presidente do Suriname, Chan Santokhi, em Paramaribo.
"Vimos o Partido Comunista da China investir em países, e tudo parece ótimo no início, mas logo tudo desmorona quando os custos políticos relacionados a isso ficam claros", alertou Pompeo, insistindo que o "livre comércio" permite "melhorar a vida de todos".
Pompeo é o primeiro secretário de Estado a visitar o Suriname e a vizinha Guiana, onde aterrissou nesta quinta-feira à tarde, de acordo com um jornalista da AFP que o acompanha.
A parada em Suriname marcou o início de uma visita de três dias pelo continente sul-americano, onde Pompeo se reunirá na sexta-feira com autoridades brasileiras na fronteira com a Venezuela e no sábado estará na Colômbia para um encontro com o presidente Iván Duque.
No Suriname, Pompeu se reuniu com o presidente Chan Santokhi, eleito em julho. Na Guiana, conversará com o novo chefe de Estado, Irfaan Ali.
Os dois países vêm sendo fortemente cortejados pela China, o que motivou os Estados Unidos a contra-atacar para diminuir a crescente influência do gigante asiático na região.
"Que ele viaje a esses dois países é algo extraordinário e mostra que algo grandioso está acontecendo", declarou Eric Farnsworth, vice-presidente do Conselho das Américas, um fórum empresarial dedicado às questões sociais, econômicas e políticas da região.
A ExxoMobil anunciou em 2015 a descoberta de uma das maiores reservas de petróleo do mundo nas costas da Guiana e a empresa também está muito envolvida no Suriname.
- Desenvolvimento sustentável -
Antes da pandemia de covid-19, a economia de Guiana tinha para este ano uma expectativa assombrosa de crescimento de 85%, a maior do mundo.
E Pompeo chega ao país no momento em que Guiana está revisando o acordo com a Exxon, segundo o qual o país ficaria com quase 50% da receita do petróleo. Um valor considerado irrisório por defensores dos países em desenvolvimento.
Uma fonte do Departamento de Estado afirmou que Pompeo não fará lobby a favor da Exxon, mas poderia estimular que Guiana e Suriname administrem de forma responsável os recursos procedentes do petróleo.
"Este é um momento emocionante para o potencial crescimento econômico no Suriname", declarou Pompeo em coletiva de imprensa conjunta com Santokhi em Paramaribo, pouco antes de decolar rumo à vizinha Guiana.
"Os Estados Unidos estão ansiosos para associar-se e garantir que seja sustentável, que beneficie todas as pessoas e aproxime nossas nações", afirmou Pompeo.
A China, que também investe em madeira e minérios da região, convidou os dois países a aderir à 'Belt and Road Initiative', uma campanha para fomentar investimentos transnacionais em infraestrutura e conquistar aliados.
As visitas ao Suriname e a Guiana também pretendem "celebrar o triunfo da democracia", lembrou o chefe da diplomacia americana, ao reunir-se com o presidente Santokhi, que pertencia à oposição e derrotou o ex-mandatário Desi Bouterse nas urnas.
Em Georgetown, capital de Guiana, Pompeo pretende parabenizar o novo presidente Irfaan Ali, que derrotou David Granger nas últimas eleições.
Granger, depois de ter impugnado a derrota, acabou aceitando o resultado das eleições, principalmente após os Estados Unidos aplicarem sanções contra membros de seu governo, acusado de minar a democracia.
- Venezuela na mira -
A parte politicamente mais delicada da rápida viagem começará na sexta-feira em Boa Vista, capital de Roraima, que recebeu milhares de venezuelanos que fugiram da crise econômica de seu país.
Pompeo se reunirá com o chanceler brasileiro Ernesto Araújo para abordar a forma de enfrentar as ameaças à segurança da região, que ambos atribuem à Venezuela.
As ameaças "incluem o desastre humanitário que o regime ilegítimo de Maduro impôs à região e o tráfico ilegal de armas, drogas e ouro por por parte deste regime", afirmou a fonte do Departamento de Estado.
Pompeo viajará no sábado a Bogotá para um encontro com o presidente Duque, cujo governo - assim como Estados Unidos e Brasil - considera Maduro um "ditador".
Os dois "analisarão os esforços conjuntos diante das ameaças geradas pelo narcotráfico e grupos terroristas, muitos dos quais desfrutam de um santuário seguro na vizinha Venezuela", disse a fonte.
* AFP