O herói do filme "Hotel Ruanda", Paul Rusesabagina, que salvou durante o genocídio do país país africano mais de 1.200 pessoas, admitiu nesta sexta-feira em uma audiência no tribunal que participou na criação de um grupo rebelde, mas negou envolvimento em crimes.
"Formamos a Frente de Libertação Nacional (FLN) como um braço armado, não como um grupo terrorista como afirma o promotor. Não nego que a FLN tenha cometido crimes, mas o meu papel era a diplomacia", afirmou Paul Rusesabagina.
"O acordo que assinamos para formar o Movimento Ruandês para a Mudança Democrática (MRCD) como una plataforma política incluía a criação de um braço armado chamado FLN. Mas o meu trabalho era trabalhar para esta plataforma política e estava a cargo da diplomacia", completou.
Depois de passar anos no exílio, Rusesabagina foi detido no fim de agosto pela polícia de Ruanda em circunstâncias turbulentas quando estava em uma escala para Dubai.
Posteriormente foi acusado de terrorismo, assassinato e financiamento da rebelião.
Em 2018, Rusesabagina fundou o MRCD, suspeito de ter um braço armado, a FLN, um grupo considerado terrorista por Kigali.
Em várias ocasiões, Rusesabagina expressou publicamente apoio à FLN, mas sua possível participação no movimento rebelde, que já executou ataques armados em território ruandês, continua indeterminada.
"Hotel Ruanda" descreve como Rusesabagina, um hutu casado com uma tutsi, salvou em 1994 mais de 1.200 pessoas alojadas no hotel das Mil Colinas de Kigali, onde era o gerente, utilizando sua influência com os milicianos hutus.
* AFP