O Kremlin insistiu, nesta quarta-feira (26), que não poderia considerar envenenamento do opositor Alexei Navalny até a identificação de uma substância específica.
— Neste momento, estamos em total desacordo com as diversas formulações precipitadas usadas para afirmar que há uma probabilidade alta de envenenamento. Como podemos falar de envenenamento se não há veneno? — disse Dmitry Peskov, porta-voz do presidente russo Vladimir Putin.
Os médicos alemães que atendem o opositor em Berlim anunciaram que ele foi intoxicado por "uma substância do grupo dos inibidores da colinesterase", mas sem especificar qual.
Navalny, que é particularmente conhecido por investigar a corrupção da elite russa e do entorno de Putin, passou mal na semana passada quando viajava de avião. Seus familiares e apoiadores imediatamente denunciaram um envenenamento e lutaram para conseguir transferência para um hospital da Alemanha, suspeitando que os médicos russos tentavam acobertar o caso.
Em resposta aos três dias de pedidos do Ocidente para a abertura de uma investigação transparente, Peskov julgou que isso "não é uma prerrogativa do governo presidencial, do Kremlin", mas sim das forças de segurança.
Nenhuma investigação foi aberta na Rússia, apesar dos pedidos dos familiares de Navalny. No entanto, Peskov, que nunca menciona publicamente o nome do opositor, afirmou que a Rússia "como todo o mundo, tem um interesse nítido em compreender o que levou ao estado de coma o paciente tratado em um hospital de Berlim".
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, foram as últimas personalidades ocidentais, depois de representantes de Berlim, Paris e Washington, a pedir que a Rússia investigue o caso.