O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu neste sábado (22) que não descarta a compra de armas de guerra de seu aliado Irã. A declaração foi dada ao responder ao presidente colombiano, Iván Duque, que denunciou na quinta-feira (20) que Caracas prepara a aquisição de mísseis com a ajuda de Teerã.
— A Venezuela não está proibida de comprar o que precisa (...) e se o Irã tiver a possibilidade de nos vender uma bala ou um míssil, e nós tivermos a possibilidade de comprar, boa ideia Iván Duque! O que vou fazer, o que vamos fazer, precisamos avaliar — disse Maduro.
O presidente socialista, cujo segundo mandato não é reconhecido por cerca de 50 governos liderados pelos Estados Unidos, foi irônico ao responder a afirmação de Duque, que o rotulou de "ditador".
— Que boa ideia, conversar com o Irã e ver quais mísseis de curto, médio e longo alcance eles têm e se está dentro de nossas possibilidades, dadas as ótimas relações que temos, comprar baterias de mísseis para reforçar a defesa aérea, antiaérea, terrestre e antimísseis da Venezuela — disse Maduro, referindo-se ao ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López.
Duque, citando relatórios de "inteligência", indicou que há interesse "da ditadura de Maduro" em "adquirir mísseis de médio e longo alcance através do Irã".
Maduro lembrou que há anos o país caribenho compra armas russas.
— Não é para atacar ninguém, é para nos defender da agressão imperialista — disse Maduro, que acusa Washington de liderar um complô internacional para derrubá-lo, com sanções financeiras que incluem um embargo de petróleo em vigor desde abril de 2019.
Apesar das críticas dos Estados Unidos, a relação entre Caracas e Teerã vem crescendo. Entre maio e junho passado foram enviados cinco navios com 1,5 milhão de litros de gasolina, em meio a uma escassez agravada durante a pandemia de covid-19 no país sul-americano.
No final de julho passado, foi inaugurado em Caracas o primeiro supermercado iraniano, em local desapropriado da rede de hipermercados franco-colombiana Éxito em 2019 pelo ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013).