Manifestantes que protestavam neste domingo (7) contra o racismo demoliram uma estátua de um negreiro morto no século XVIII, Edward Colston, no centro de Bristol, cidade do sudoeste da Inglaterra com passado escravagista.
Um grupo de manifestantes arrancou do pedestal a estátua de bronze, erguida em 1895 em uma rua que leva seu nome, puxando-a com cordas.
Uma vez derrubada, foi pisoteada, segundo imagens divulgadas em redes sociais e transmitidas pela TV britânica.
Uma pessoa tirou uma foto ajoelhado sobre o pescoço da estátua, imitando o gesto do policial branco que asfixiou o afro-americano George Floyd em 25 de maio, nos Estados Unidos, um homicídio que desencadeou um movimento de protesto global contra o racismo e a violência policial.
"Este homem era um negreiro. Foi generoso com Bristol. Mas às custas da escravidão e é absolutamente abjeto. É um insulto aos cidadãos de Bristol", disse John McAllister, um manifestante de 71 anos citado pela agência britânica Press Association.
A estátua de Colston, razão de controvérsia há anos na cidade portuária, foi depois pintada com tinta vermelha e atirada no rio Avon, sob gritos de alegria.
A polícia local anunciou a abertura de uma investigação e o ministro do Interior, Priti Patel, denunciou um ato "absolutamente vergonhoso" e "completamente inaceitável. É vandalismo".
O prefeito de Bristol, Marvin Rees, adotou um tom mais conciliador. "Sei que a derrubada da estátua de Colston dividirá a opinião pública, como já aconteceu com a estátua por muitos anos. É importante escutar aqueles que consideravam que era uma afronta à humanidade", afirmou em um comunicado.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, condenou os distúrbios durante os protestos, mas não abordou a derrubada da estátua.
"Estes protestos foram alterados por vândalos, que traem a causa que dizem estar servindo", escreveu em um tuíte, no qual reforça que os responsáveis devem prestar contas.
Edward Colston (1636-1721) era membro de uma família rica de comerciantes e ganhou muito dinheiro com o comércio de escravos. Acredita-se que tenha vendido quase 100.000 escravos da África Ocidental no Caribe e nas Américas entre 1672 e 1689.
Logo, usou sua fortuna para financiar o desenvolvimento de Bristol e obras beneficentes, o que lhe valeu uma reputação de filantropo antes de cair em desgraça.
Dez mil pessoas marcharam pelas ruas de Bristol e muitas mais em todo o Reino Unido e outras cidades do mundo durante o fim de semana.
Outra estátua foi atacada no domingo em frente ao Parlamento de Londres, a do ex-premier conservador Winston Churchill, herói da Segunda Guerra Mundial. "Era um racista", escreveram sobre seu nome no pedestal.
A manifestação no centro da capital gerou incidentes com a polícia nas primeiras horas da noite, após ter começado pacificamente em frente à embaixada dos Estados Unidos.
A polícia informou neste domingo que na véspera tinha efetuado 29 detenções no centro de Londres depois de uma manifestação que deixou 14 feridos em suas fileiras.
* AFP