O Reino Unido tem o maior número per capita de mortes adicionais desde o início da pandemia, em comparação com a média dos anos anteriores. A análise foi publicada nesta quinta-feira (28) pelo jornal britânico "Financial Times".
O número de mortes adicionais, ou seja, aquelas que se sobrepõem aos índices comuns de mortalidade, chegou a quase 60 mil em meados de maio, em comparação com a média do mesmo período nos cinco anos anteriores. Os dados são do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês).
O jornal examinou análises de 19 países, colocando-os em perspectiva com o tamanho de suas populações. A análise acabou descobrindo que o Reino Unido, com um excesso de 891 mortes por milhão de habitantes, é o mais afetado. O país supera Estados Unidos, Itália, Espanha e Bélgica.
De acordo com balanços oficiais de mortes per capita por covid-19, o Reino Unido (com 552 mortes por milhão de habitantes) é menos afetado do que Bélgica (808) e Espanha (580). A sobremortalidade inclui mortes não causadas diretamente pelo coronavírus, mas alguns especialistas consideram que é o melhor meio de comparação internacional, dadas as diferenças na forma como os balanços oficiais são realizados. É também uma medida mais ampla dos efeitos da pandemia, pois inclui mortes indiretas causadas, por exemplo, por doenças que não foram tratadas, devido ao confinamento.
De acordo com o balanço oficial, o Reino Unido é o segundo país mais atingido do mundo, depois dos Estados Unidos, com 37.460 mortes confirmadas pela covid-19. Esse número subiu para mais de 46 mil em meados de maio, segundo o ONS, acrescentando casos confirmados e suspeitos.
O governo britânico insiste em que as comparações internacionais são prematuras nesta fase. No final de abril, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que "a única comparação real será possível ao final da epidemia, quando observarmos o número total de mortes em excesso".