Pessoas invadem os ônibus, comparecem em grande número às estações de trens e os engarrafamentos aumentam nas estradas. Ninguém pode duvidar do fim do confinamento na província chinesa de Hubei, o berço da pandemia de coronavírus, nesta quarta-feira (25).
Milhares de pessoas aproveitavam sua primeira chance de viajar após dois meses sob bloqueio no epicentro do surto de coronavírus na China.
Na estação de trem de Macheng, uma cidade de 800 mil habitantes, centenas de pessoas faziam fila para deixar a província, isolada do resto do país desde janeiro. Longas filas se formaram de pessoas carregando malas na chuva enquanto esperavam para pegar trens.
Uma equipe de repórteres da AFP que chegou à cidade nesta quarta-feira não foi autorizada a deixar a estação para entrevistar os viajantes.
Um trabalhador explicou à agência que estava retornando a Wenzhou, uma cidade costeira no leste do país, a 800 quilômetros de Huanggang.
— Estou há dois meses trancado em minha casa, aqui em Hubei — disse ele, ansioso para voltar ao trabalho.
Além do transporte ferroviário e rodoviário, três aeroportos provinciais retomaram as operações nesta quarta-feira, mas não o de Wuhan.
Por enquanto, sair de Wuhan ainda é proibido, mas a capital de Hubei poderá começar a receber gente vinda de trem a partir de sábado.
Na terça-feira, o governo chinês anunciou que as restrições à livre circulação seriam levantadas sob certas condições em toda a província de Hubei, exceto em Wuhan, capital, onde os primeiros casos da covid-19 apareceram em dezembro de 2019.
Mas apenas pessoas que possuem um QR code verde em seu celular, certificado de boa saúde, podem se deslocar.
A quarentena de Wuhan, com 11 milhões de habitantes, terminará apenas em 8 de abril.
A província de Hubei, com mais de 50 milhões de habitantes, foi de longe a mais atingida pela epidemia, que matou mais de 3,3 mil pessoas na China, dentre mais de 80 mil doentes.
O isolamento da província foi decretado pouco antes do início do longo feriado do Ano Novo Chinês, período em que milhões de trabalhadores, empregados nas grandes metrópoles do sul e leste, retornam às suas cidades de origem.