Os governos devem aplicar "uma resposta internacional coordenada" para enfrentar o impacto econômico da expansão do novo coronavírus, disse nesta segunda-feira (9) a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath. Muitos países adotaram políticas para alimentar a confiança, enquanto a epidemia gera nervosismo nos mercados e temores de que uma interrupção das redes de fornecimento abalem a atividade econômica, mas há poucos sinais de uma resposta coordenada.
Devido à grande perturbação das economias, os consumidores e as empresas, Gita afirmou que os responsáveis pelas políticas precisarão implementar "medidas importantes dirigidas em matéria fiscal, monetária e para os mercados financeiros para ajudar as famílias e os negócios afetados".
"É evidente o argumento de que deve haver uma resposta internacional coordenada" para fazer frente à epidemia, que já tem 110 mil infectados e 3,8 mil mortos. Em novembro de 2008, em plena crise financeira mundial, o G20 das nações ricas e emergentes acordou cortes dos juros e se comprometeu a manter as políticas de estímulo o tempo que fosse necessário para sustentar a economia.
A incerteza fez os mercados financeiros afundarem nesta segunda-feira, após duas semanas de fortes quedas. As negociações foram suspensas por 15 minutos em Wall Street, enquanto uma guerra de preço entre os produtores de petróleo derrubou as cotizações.
Para Gita, o objetivo é "impedir que uma crise temporária prejudique irreparavelmente pessoas e empresas, devido a perdas de empregos e falências". O FMI já alertou que o impacto da epidemia covid-19 fará o crescimento da economia mundial ficar abaixo da projeção de 2,9% prevista no ano passado.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse na semana passada que a epidemia deixou de ser uma questão regional e é "um problema global que requer uma resposta global". Gita afirmou que os custos humanos do novo coronavírus aumentaram a um ritmo "alarmante" e que o impacto econômico já é "palpável" nos países mais afetados.
"Claramente a primeira prioridade é manter as pessoas mais saudáveis e seguras possível", ressaltou, estimando que os países poder ajudar gastando mais em seus sistemas de saúde. Ela indicou que o impacto pode ser medido nos cortes de produção em empresas de todo o mundo.
Gita citou a China como exemplo, afirmando que, embora a queda na produção seja comparável à situação no início da crise financeira de 2008, o declínio no setor de serviços parece mais significativo.
Do lado da demanda, a perda de renda, o medo de contágio e a intensificação da incerteza gerarão uma queda nos gastos do consumidor.
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