Em seu último discurso sobre o Estado da União, realizado nesta terça-feira (4), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou posicionamentos políticos tomados ao longo dos três anos de mandato. Entre eles, as críticas à Venezuela, a defesa do muro na fronteira com o México e a morte do general iraniano Qassem Soleimani.
Uma das falas mais contundentes de Trump foi sobre o governo de Nicolás Maduro. Ele disse que a tirania do venezuelano será "esmagada".
— O domínio da tirania de Maduro será esmagado e destruído — declarou o presidente diante do Congresso americano, em Washington.
O Estado da União é um discurso que ocorre todos os anos nos Estados Unidos e no qual o chefe de Estado deve prestar esclarecimentos aos parlamentares, militares e integrantes da Suprema Corte americana sobre a situação do país e os planos que deverão ser tomados ao longo do próximo ano.
Essa pode ter sido a última vez que Trump discursa nesta cerimônia porque este é seu último mandato — as novas eleições ocorrem em novembro nos Estados Unidos. No entanto, ele não mencionou o processo de impeachment ao qual está submetido e cujo julgamento ocorre nesta quarta-feira (5).
Na plateia, havia um convidado significativo para Trump: o líder do Parlamento venezuelano, Juan Guaidó, nome que os Estados Unidos e mais de cinquenta países reconhecem como presidente interino da Venezuela.
Guaidó luta desde janeiro de 2019 para chefiar um governo de transição e organizar novo pleito em seu país. Mas seus esforços não deram resultado, apesar da pressão internacional liderada por Trump e sua bateria de sanções econômicas.
Em seu discurso, Trump disse que "Maduro é um governante ilegítimo que brutaliza seu povo". Em comunicado divulgado nesta terça-feira, a Casa Branca enfatizou que o governo está pressionando sanções "devastadoras" contra Maduro.
Sobre a morte de Soleimani em um bombardeio americano efetuado em janeiro deste ano, o republicano frisou que o militar planejava ataques aos Estados Unidos e era responsável por atos terroristas no Oriente Médio.
— (Soleimani) era o açougueiro mais cruel do regime iraniano que matou milhares de americanos no Iraque. Como um dos maiores terroristas, orquestrou a morte de americanos pelo mundo.
Trump também reiterou sua promessa de retirar tropas do Afeganistão.
— Estamos trabalhando para finalmente acabar com a guerra mais longa dos Estados Unidos e trazer nossas tropas para casa — disse.
O presidente questiona rotineiramente a utilidade de manter tropas no exterior e descreveu a guerra no Afeganistão, que começou após os ataques de 11 de setembro de 2001, como um sangramento humano e de recursos.
— Não pretendo matar centenas de milhares de pessoas no Afeganistão, muitas delas inocentes — disse Trump na cerimônia.
Ao fim do discurso, a líder dos democratas no Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, rasgou a cópia da fala de Donald Trump. Quando um jornalista pediu que ela explicasse o que havia feito, Pelosi disse que "foi o mais cortês, considerando a alternativa". Na chegada, Trump quebrou a tradição ao não cumprimentar Pelosi, que supervisionou o inquérito de impeachment contra ele.