BRASÍLIA, DF, E BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quinta-feira (13) que vai se encontrar com o governante da Argentina, Alberto Fernández, em 1º de março, no Uruguai.
Segundo ele, a primeira reunião entre os chefes das duas maiores economias do Mercosul deve ocorrer perto da posse do novo presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou.
A agenda foi costurada nesta quarta (12) numa conversa de Bolsonaro com o ministro argentino das Relações Exteriores, Felipe Solá.
O presidente argentino, no entanto, não confirmou a ida ao Uruguai nessa data. Em entrevista à rádio Rivadavia, da Argentina, Fernández disse que enfrentará dificuldades para ir à posse de Lacalle Pou. Isso porque, no dia 1º de março, ao meio-dia, ocorre a abertura das atividades legislativas do Congresso.
Nesse evento, o presidente costuma fazer um discurso de cerca de 50 minutos em que pontua as prioridades para o ano. Espera-se, no caso deste ano, que Fernández apresente pontos do plano que têm para que o país volte a crescer, além de tratar de outras prioridades parlamentares.
Embora a distância entre a Argentina e o Uruguai seja curta -um voo de 25 minutos une as duas capitais-, a equipe do presidente trabalha para que seja possível que ele esteja em Montevidéu durante a tarde. "Não sei se poderei. Quero encontrar com Bolsonaro, mas talvez só seja possível no dia seguinte (dia 2)."
"Confirmei ontem com o embaixador [chanceler] e estaremos lá na posse do Lacalle. Inclusive mandei atrasar o máximo possível a minha viagem para eu poder conversar com os demais chefes de Estado presentes. Agora, me interessa conversar com o Fernández", disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.
"O embaixador [chanceler] trouxe uma boa notícia ontem, [a Argentina] vai se empenhar para aprovar o acordo Mercosul e União Europeia."
Na primeira rodada de reuniões de alto nível entre o novo governo da Argentina e do Brasil, Solá se encontrou em Brasília com Bolsonaro e cumpriu uma extensa agenda com o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
O principal objetivo do argentino foi tentar superar o clima de desconfiança que rege as relações entre os dois países desde a campanha eleitoral no país vizinho. Por isso, declarou durante a visita que o governo Fernández não será uma "trava" para as negociações comerciais do Mercosul.
O pleito na Argentina foi marcado por trocas de críticas entre Bolsonaro e Fernández, cuja vice é a ex-presidente Cristina Kirchner. O presidente brasileiro chegou a expor sua preferência pela reeleição do liberal Mauricio Macri.
Além de prometer apoio nas negociações comerciais, Solá pediu ao governo brasileiro apoio junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional) na renegociação da dívida argentina com o órgão.
Questionado sobre o tema nesta quinta, Bolsonaro disse que o assunto será tratado pelo Ministério da Economia. Caberá à equipe do ministro Paulo Guedes, de acordo com o presidente, decidir se o Brasil poderá atender o pedido argentino.
"Já passamos, via Ernesto Araújo, para o pessoal da Economia. A Argentina, guardando as devidas proporções, está pior do que nós. É o nosso maior parceiro comercial na América do Sul, acho que é o quarto no mundo, se não me engano. A gente quer ver a Argentina crescer", disse Bolsonaro.
"Eu falei: 'quero a Argentina grande'. Eu não quero pátria bolivariana aqui, não. Quero a Argentina grande, o Uruguai grande, o Paraguai grande."