O sultão Qabus ibn Said Al Said, que exercia o poder de Omã desde 1970, morreu na noite desta sexta-feira, aos 79 anos, informou a agência oficial de notícias do país.
"Com tristeza (...) a corte do sultanato está de luto (...). Nosso sultão Qabus bin Said (...) foi chamado por Deus nesta sexta-feira", informou a agência.
Este ano Qabus cumpriria meio século no trono de Omã, e era o monarca árabe a mais tempo no poder.
Em 2019, o sultão foi hospitalizado várias vezes na Alemanha.
Fontes diplomáticas em Mascate indicaram que o Sultão sofria de câncer de cólon.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste sábado estar "muito triste" pela morte do sultão, que disse ser "amigo de todos" e ter trabalhado pela paz no Oriente Médio.
"Como o líder com mais anos no Oriente Médio, o sultão Qabus trouxe paz e prosperidade a seu país e foi um amigo de todos", disse Trump em comunicado, somando-se a outros líderes mundiais para lembrar o governante, cuja morte foi comunicada neste sábado.
Qabus "foi um verdadeiro parceiro e amigo dos Estados Unidos, tendo trabalhado com nove presidentes americanos diferentes", disse.
A morte de Qabus abre uma enorme interrogação sobre sua sucessão, já que o sultão não teve filhos ou irmãos.
De acordo com a constituição de Omã, a família real deverá determinar o sucessor de Qabus no prazo de três dias.
A pessoa escolhida deverá pertencer à família real, e ser um "muçulmano, maduro, racional e filho legítimo de pais muçulmanos de Omã".
Observadores locais avaliam que ao menos 80 integrantes da família de Qabus têm este perfil, mas o favorito é Assad bin Tariq, 65 anos, que em 2017 foi designado pelo sultão vice-ministro de Relações Exteriores e assuntos de Cooperação.
Qabus chegou ao poder em 1970, quando liderou um golpe de estado contra seu próprio pai, o sultão Said bin Taimur, e buscou transformar o sultanato, até o momento completamente fechado ao mundo e submetido a um rígido controle religioso.
Oitavo soberano da dinastia Al-Said, Qabus mudou o antigo nome de "Omã e Mascate" para "Sultanato de Omã", em uma tentativa de superar a antiga divisão do país.
Na liderança de um país vizinho da Arábia Saudita e separado do Irã pelo Golfo Pérsico, Qabus se esforçou em promover uma diplomacia aberta, mantendo relações cordiais com os dois, além de receber visitas de dois líderes de Israel, Yitzhak Rabin, em 1994, e Benjamin Netanyahu, 2018.
Com habilidade, Qabus tornou Omã uma rara monarquia petroleira com diálogo fluido tanto com países ocidentais como com o Irã, e era considerado um interlocutor para obter a libertação de prisioneiros no conflito do também vizinho Iêmen.
Qabus também facilitou os diálogos sobre o acordo envolvendo o programa nuclear do Irã, e ao mesmo tempo manteve sua posição no Conselho de Cooperação do Golfo, de forte influência saudita.
O Sultão acumulava os cargos de chefe de governo, ministro das Relações Exteriores, Defesa e Finanças, e em 2003 formou um conselho consultivo a partir de eleições por sufrágio universal, com a participação das mulheres.
* AFP