Pelo menos metade da população de coalas na Austrália, que não está sofrendo clamídia, uma doença mortal para eles, e é a chave para "garantir" o futuro da espécie, teria morrido desde o início dos incêndios que devastam uma ilha santuário, afirmaram neste domingo (5) os serviços de resgate.
Os incêndios catastróficos que assolam o sudeste do país há quatro meses mataram centenas de milhares de animais nativos apenas no Estado de Nova Gales do Sul, segundo os cientistas.
Nos últimos dias, as condições pioraram. Um incêndio se espalhou rapidamente na ilha Kangaroo e destruiu 170 mil hectares na sexta-feira (3), um terço do local. A ilha é uma área natural turística na costa do Estado da Austrália Meridional, abriga muitas espécies nativas, incluindo coalas, cuja população é estimada em 50 mil indivíduos.
— Mais de 50% (da população) desapareceu — afirma Sam Mitchell, do parque natural da Ilha Kangaroo, que está arrecadando fundos para tratar coalas feridos:
— As feridas são extremas. Outros ficaram sem hábitat para ir, então morreram de fome nas semanas seguintes.
Segundo um estudo da Universidade de Adelaide publicado em julho, os coalas da Ilha Kangaroo são especialmente importantes para a sobrevivência das espécies na natureza, pois são o único grupo importante que não sofre de clamídia, uma infecção bacteriana assintomática que pode causar cegueira, esterilidade e morte.
— São um seguro para toda a população — conta Jessica Fabijan, que conduziu a investigação.
De acordo com esta cientista, os incêndios virulentos em Nova Gales do Sul e na região de Gippsland, no Estado de Victoria, onde vivem as maiores comunidades de coalas, também acabarão com muitos outros animais.
— É uma das maiores tragédias para a população desde o final do século 19, quando foram caçados por suas peles — alerta.
Por não sofrer de clamídia, os coalas da ilha não podem ser transferidos, disseram as autoridades estaduais. Os veterinários estão cuidando de animais feridos no local.