A rede britânica de supermercados Tesco anunciou neste domingo (22) que parou de vender cartões de Natal produzidos na China, após encontrar em um deles uma mensagem de prisioneiros.
Segundo o jornal Sunday Times, uma menina de seis anos dos arredores de Londres encontrou uma mensagem escrita em letras maiúsculas assinada por detentos da prisão de Qingpu, em Xangai.
"Somos prisioneiros estrangeiros", afirma o texto, escrito em um cartão ilustrado com um gato. "Forçados a trabalhar contra a nossa vontade. Por favor, ajudem-nos e avisem a alguma organização de defesa dos direitos humanos."
Surpresa, a maior rede de supermercados do Reino Unido suspendeu a produção na fábrica de cartões e abriu uma investigação, informou uma porta-voz.
"Também recolhemos estes cartões das lojas. A receita com as vendas era doada para organizações de caridade", completou.
Segundo a porta-voz, a Tesco conta com "um sistema de controle exaustivo". A fábrica, que, segundo o grupo, se chama Zheijiang Yunguang Printing, foi alvo de "um controle independente em novembro, e não foi observado nenhum elemento que sugerisse que tivesse infringido nossas normas, que proíbem o trabalho em prisões", o que teria levado a uma ruptura de contrato "imediata e definitiva", assinalou.
Segundo o Sunday Times, a mensagem também pedia que fosse contactado Peter Humphrey. O pai da menina procurou o nome na internet e descobriu que se trata do ex-jornalista e investigador particular detido no verão de 2013 e condenado em 2014 a dois anos e meio de prisão por violação das leis chinesas sobre a vida privada.
Humphrey, que assinou o artigo do Sunday Times, cumpriu parte de sua pena na prisão de Qingpu. Ele explicou que entrou em contato com ex-detentos do local, que lhe confirmaram que foram obrigados a embalar os cartões para a Tesco.