A França vive nesta quinta-feira (5) um dia de greve geral contra o projeto de reforma da Previdência defendido pelo presidente Emmanuel Macron, o que afeta vários serviços no país, incluindo trens, aviões, escolas e hospitais. Quase 250 comícios estão previstos em dezenas de cidades.
Em Paris, as autoridades anunciaram a mobilização 6 mil policiais para evitar distúrbios durante uma passeata prevista para a tarde.
Quase 90% das viagens dos trens de alta velocidade foram canceladas nesta quinta, 10 das 16 linhas de metrô de Paris estavam fechadas, centenas de voos foram cancelados e muitas escolas não abriram as portas. Para evitar o caos nos transportes, muitos franceses optaram por trabalhar de casa.
— Pedi para trabalhar de casa hoje, mas espero que a greve não dure muito porque não posso fazer isto por muito tempo — declarou Diana Silavong, executiva em uma empresa farmacêutica.
A paralisação de parte dos controladores aéreos obrigou a Air France a cancelar 30% dos voos domésticos e 15% dos voos europeus. A empresa informou, no entanto, que todos os voos de longa distância serão mantidos.
Já a companhia britânica de baixo custo EasyJet cancelou 223 voos nacionais e internacionais de curta distância e advertiu que outras viagens podem sofrer atrasos.
Quase 70% dos professores do ensino básico estão em greve. Os números do ensino médio são similares, de acordo com Bernadette Groison, secretária-geral do FSU, o principal sindicato dos trabalhadores do setor de ensino.
— Nunca havia visto algo semelhante — disse Bernadette.
Policiais, garis, advogados, aposentados e motoristas de transportadoras, assim como os "coletes amarelos", o influente movimento social surgido em novembro de 2018 na França, aderiram à greve. O movimento de protesto também recebeu o apoio de 182 artistas e intelectuais, entre eles o economista Thomas Piketty, autor de um best-seller sobre a desigualdade, assim como dos partidos de esquerda.
A indignação popular foi motivada pela reforma da Previdência preparada pelo governo de Macron, uma promessa de campanha que tem como objetivo eliminar os 42 regimes especiais que existem atualmente e que concedem privilégios a determinadas categoria profissionais.
O governo pretende estabelecer um sistema único, no qual todos os trabalhadores terão os mesmos direitos no momento de receber a aposentadoria. Para o governo, este é um sistema mais justo e mais simples, no qual "cada euro cotado dará a todos os mesmos direitos". Porém, os sindicatos temem que o novo sistema adie a aposentadoria, atualmente aos 62 anos, e diminua o nível das pensões.