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Presidente do Chile condena violência policial e comemora acordo para nova Constituição

Segundo Sebastián Piñera, "não haverá impunidade, nem com os que fizeram atos de violência inusitada, nem com aqueles que cometeram atropelos e abusos"

AFP

CLAUDIO REYES / AFP
O presidente chileno, Sebastian Pinera, durante pronunciamento ao país em 17 de novembro

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, condenou pela primeira vez neste domingo (17) os abusos cometidos pela polícia nas manifestações que sacodem o país há um mês. Em pronunciamento, ele ainda saudou a oportunidade de redigir uma nova Constituição, agora na democracia. Piñera ainda prestou condolências às famílias das vítimas da crise social sem precedentes desde a redemocratização em 1990.

— Houve uso excessivo da força, foram cometidos abusos ou delitos e não se respeitaram os direitos de todos — reconheceu o presidente em pronunciamento à nação, na véspera de se completar um mês da crise que deixou 22 mortos e milhares de feridos.

 De acordo com o líder chileno, "não haverá impunidade, nem com os que fizeram atos de violência inusitada, nem com aqueles que cometeram atropelos e abusos. Faremos o melhor para assistir as vítimas".

Cinco das 22 mortes foram provocadas pela ação de agentes do Estado. As demais vítimas faleceram em incêndios e saques ou atropelados durante as manifestações. E mais de 200 pessoas tiveram ferimentos oculares graves ou perderam a visão em um dos olhos em consequência dos disparos de balas de borracha pela polícia.

Em seu pronunciamento, o presidente também comemorou o acordo alcançado com o Congresso para convocar um plebiscito para redigir uma nova Constituição que irá substituir a vigente desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

— Se a cidadania assim o decidir, avançaremos para uma nova Constituição, a primeira na democracia — afirmou o presidente em discurso do palácio presidencial.

A atual Carta Magna é apontada como a origem das desigualdades da sociedade chilena, já que foi aprovada em um questionado plebiscito nos anos mais violentos do regime militar de Pinochet.

O Congresso, após uma sessão de várias horas, chegou a um acordo na sexta-feira (15) para convocar um plebiscito em abril de 2020, no qual os cidadãos devem decidir se querem ou não reformar a Constituição e sob que mecanismo: uma assembleia constituinte ou uma convenção mista, com metade formada por parlamentares.

— Nas últimas quatro semanas, o Chile mudou, os chilenos mudaram, o governo mudou, todos mudamos. O pacto social sob o qual estávamos vivendo se quebrou — disse o presidente. 

Piñera afirmou, no entanto, que "o resultado destas quatro semanas ainda não está escrito" e que são necessários vários acordos sociais, incluindo um para a reforma da Previdência.

— O próximo acordo deve ser para melhorar as aposentadorias — declarou, a respeito de uma das principais exigências dos protestos.

A população deseja a reforma de um sistema herdado da ditadura, que estabelece a capitalização absolutamente individual dos trabalhadores e que paga pensões do mesmo valor ou menores que o salário mínimo (418 dólares) à maioria dos aposentados.

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