O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu o voto do governo brasileiro contra a resolução anual da Organização das Nações Unidas (ONU) que condena o embargo econômico americano a Cuba. Em uma série de postagens no Twitter, nesta quinta-feira (7), o chanceler disse que o "Brasil votou a favor da verdade" e que é preciso deixar de "bajular Cuba".
O chanceler também afirmou que a Cuba de Fidel Castro se tornou um "centro regional de promoção e assistência a ditaduras comunistas".
O chanceler ainda afirmou que a influência que o país caribenho possui entre países em desenvolvimento é uma vergonha e precisa ser rompida.
Pela primeira vez em 27 anos, o Brasil cedeu às pressões dos EUA e deixou de condenar o embargo econômico a Cuba. Apenas Israel e Estados Unidos votaram da mesma maneira que o Brasil.
Nas últimas semanas, o governo americano, por meio da divisão de Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, pediu duas vezes que o Itamaraty mudasse seu posicionamento histórico de rechaço a medidas econômicas unilaterais e se alinhasse aos EUA na votação. Os americanos argumentaram que, ao condenar o embargo contra Cuba, o Brasil passaria a mensagem de que o regime atualmente liderado por Miguel Díaz Canel pode continuar interferindo impunemente na Venezuela e que o governo brasileiro tolera as violações de direitos humanos do regime.
Mesmo países que têm relação muito próxima aos EUA e dependem pesadamente de ajuda econômica americana resistiram às pressões de Washington e se abstiveram na votação, caso de Colômbia e Ucrânia.
A Guatemala, único país a acompanhar os EUA e transferir sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, votou contra. No total, foram três votos contra a resolução, duas abstenções e 187 votos a favor do texto que condena o embargo americano imposto há 50 anos, no início da revolução promovida por Fidel Castro. A Moldávia não votou.
O voto brasileiro contraria o posicionamento histórico do Itamaraty de condenar medidas unilaterais econômicas contra países, vetadas pela legislação internacional e pela ONU.