Os parisienses vivem uma sexta-feira (13) caótica nos transportes públicos por uma greve, a mais grave dos últimos 12 anos, para protestar contra a reforma da previdência preparada pelo governo da França.
Dez das 16 linhas do metrô de Paris foram fechadas, os ônibus circulam em número reduzido e grandes engarrafamentos nos acessos à capital evidenciavam o primeiro grande protesto sindical contra a reforma das aposentadorias estimulada pelo governo do presidente Emmanuel Macron.
Muitos franceses optaram por trabalhar em casa. Quem se arriscou, esperava desde as primeiras horas da manhã sem sucesso, como Dié Sokhonadu, 25 anos. Na plataforma da linha 12, que atravessa Paris de norte a sul, onde aguardava, nenhum trem do metrô estava em circulação.
— Sem metrô, terei que voltar para casa — disse o operário, que trabalha na reforma da catedral de Notre-Dame, no centro de Paris.
A Autoridade Autônoma de Transportes de Paris (RATP) pediu na quinta-feira (12) aos moradores que saíssem de casa apenas em caso de extrema necessidade e anunciou "soluções alternativas de mobilidade", que incluem o uso gratuito limitado de motos ou bicicletas elétricas de livre serviço, subsídios a quem compartilhar o carro ou estacionamento pela metade do preço.
Esta greve é a primeira grande mobilização contra o plano de Macron de implementar um sistema de previdência "universal", promessa de campanha do presidente. A proposta eliminaria os 43 distintos regimes especiais e a criar um sistema "universal" com o uso de pontos, no qual "1 euro de contribuição concede os mesmos direitos".
Os funcionários do metrô de Paris, assim como os trabalhadores de outras atividades consideradas difíceis ou perigosas, perderiam assim os benefícios associados a seus regimes especiais, que atualmente permite, por exemplo, a aposentadoria antes dos demais franceses. O Tribunal de Contas calculou que a idade média de aposentadoria dos trabalhadores da RATP em 2017 era 55,7 anos, contra 63 anos da maioria dos trabalhadores franceses.
A greve é a maior no setor de transportes de Paris desde 2007, quando o ex-presidente Nicolas Sarkozy apresentou uma reforma previdenciária que aumentou a idade de aposentadoria da maioria dos funcionários públicos.
— Estou na RATP desde 1996 e nunca vi algo assim. Tantos grevistas, de todas as áreas, e inclusive alguns diretores mobilizados. As pensões afetam todos — declarou ao jornal Le Parisien Marc Brillaud, do sindicato SUD.