O relatório dos especialistas do clima da ONU sobre o estado dos oceanos e áreas geladas foi aprovado na manhã desta terça-feira, informaram os participantes.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) confirmou a aprovação do texto no Twitter.
"Um momento muito agradável [...] após dois anos de trabalho e uma última sessão de 27 horas", tuitou Jean-Pierre Gattuso, um dos autores do relatório.
Cientistas e diplomatas dos 195 Estados membros do IPCC estão reunidos em Mônaco desde sexta-feira. Mas as discussões, que deveriam ter terminado na segunda-feira à noite, estenderam-se pela madrugada, terminando pouco antes das 09h00 GMT (6h00 de Brasília).
E isso por causa da Arábia Saudita, segundo informaram à AFP vários participantes da reunião que pediram anonimato.
Os sauditas queriam eliminar as referências do relatório especial do IPCC de outubro de 2018, que mostram as grandes diferenças de impacto em um mundo 1,5ºC ou 2ºC mais quente.
O relatório explica que as emissões de gases do efeito estufa devem ser reduzidas em quase 50% até 2030, para que o aumento da temperatura seja inferior a 1,5°C (meta estabelecida no Acordo de Paris sobre o clima, assinado em 2015).
Mas, embora o relatório tenha sido adotado por consenso, vários países não aceitaram suas conclusões.
"Os sauditas querem desacreditar a ciência em que o relatório se baseia. É um desrespeito (...) Parecia que vieram a esta reunião apenas para impedir qualquer referência no relatório à meta de 1,5°C ou à redução de emissões de CO2", declarou um participante, que se recusou a revelar sua identidade.
Finalmente, após horas de discussões, as delegações concordaram em retirar a referência mais forte a esse e outros relatórios, disse uma fonte próxima às negociações à AFP.
No entanto, "a ciência que sustenta esse relatório foi incluída", insistiu outro participante.
O conteúdo do relatório adotado nesta terça-feira, que revisa os efeitos do aquecimento global nos oceanos, calotas polares, gelo marinho ou geleiras, será publicado na quarta-feira de manhã.
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* AFP