As energias renováveis viram sua capacidade de produção quadruplicar no mundo em dez anos, embora isso não tenha impedido o crescimento das emissões do setor energético - aponta um relatório divulgado nesta quinta-feira (5) antes da cúpula climática da ONU.
Investimentos em energia eólica, biomassa, hidrelétrica e, sobretudo, solar atingiram nesta década mais de 2,5 trilhões de dólares, impulsionados pela queda nos custos, informa este relatório anual produzido pela Escola de Finanças e Administração de Frankfurt e Bloomberg New Energy Finance (BNEF) com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
De acordo com seus cálculos, que não incluem barragens com mais de 50 MW, as energias renováveis agora representam uma capacidade de 1.650 gigawatts (em comparação com 414 GW em 2009) e geraram 12,9% da energia global em 2018.
A energia solar representa a maior parte dos 2.300 GW da capacidade total instalada ao longo da década, excedendo recursos fósseis, como carvão e gás.
O relatório distingue 30 países que investiram mais de US$ 1 bilhão em energias renováveis durante esse período - enquanto ainda utilizam, em sua maioria, energias fósseis.
O maior investidor é, de longe, a China, principal emissor mundial de CO2, que gastou 760 bilhões em energia verde desde 2010.
Desde 2009, o custo da energia gerada pelas usinas fotovoltaicas caiu 81%, e o a energia eólica terrestre, 46%, um aumento espetacular da competitividade.
Para Françoise d'Estais, do PNUMA, "isso mostra que a transição do setor de energia está em andamento".
Mas "não é rápido o suficiente para permitir que o mundo cumpra suas metas climáticas e de aquecimento", acrescenta ela.
"No aquecimento, ou na refrigeração, a transição ainda não existe. E os subsídios (aos combustíveis fósseis) ainda representam o dobro do apoio a fontes renováveis", completou.
"Quando estou de dieta, não conto apenas a salada, mas também os bolos de chocolate! Aqui é uma questão de tentar substituir os combustíveis fósseis, e isso é um desafio", diz à AFP Ulf Moslener, pesquisador da Frankfurt School.
"Em algumas regiões, estamos vendo muito investimento em energias renováveis, mas também em combustíveis fósseis. Além disso, setores como transporte e indústria estão sujeitos a mudanças estruturais, mas provavelmente será o setor de eletricidade que mais facilmente atingirá zero emissão líquida de CO2", antecipa Ulf.
Em 2018, as energias verdes evitaram a emissão de 2 bilhões de toneladas de CO2, segundo o relatório. No entanto, as emissões gerais do setor de energia também atingiram um recorde de 13,7 bilhões de toneladas, afastando o mundo ainda de suas metas climáticas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, está organizando uma cúpula em 23 de setembro, em Nova York, para tentar obter compromissos mais fortes dos Estados para reduzir suas emissões de CO2.
* AFP