O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, desembarcou nesta segunda-feira (5) em Pohnpei, a principal ilha dos Estados Federados da Micronésia - uma visita "histórica" que mostra o interesse de Washington por seus aliados no Pacífico em um contexto de disputa regional com a China.
Esta é a primeira vez que um chefe da diplomacia dos Estados Unidos visita o pequeno Estado do Pacífico. Pompeo tem reuniões programadas com autoridades desta ilha, assim como de Palau e das Ilhas Marshall, outros dois pequenos países do Pacífico.
O presidente americano, Donald Trump, reuniu-se há três meses com governantes destes países, reafirmando o interesse americano pela região.
"Não é novidade que se trata de uma zona estratégica", afirmou uma fonte do governo americano, que recordou os vínculos históricos com os pequenos países.
"Mas as conversas recentes acontecem em um nível claramente mais importante", completou a mesma fonte.
"Durante o último ano, o governo dos Estados Unidos atuou de forma ativa para reforçar sua posição na área das ilhas do Pacífico, que considera estratégica", explica à AFP Elizabeth Economy, do "think tank" Council on Foreign Relations.
A visita de Pompeo reflete a vontade americana de reforçar sua influência em uma "região indo-pacífica livre e aberta", para enfrentar o crescimento chinês, como recordou o próprio secretário Estado em suas recentes visitas a Sydney e a Bangcoc.
Embora pequenas e dispersas, as ilhas da Micronésia representam um território marítimo que, de leste a oeste, alcança 2.700 quilômetros, um espaço estratégico no momento em que China e Estados Unidos disputam a zona pela liberdade de navegação.
Washington mantém uma estreita colaboração militar e de ajuda ao desenvolvimento com esta federação, formada por quatro micropaíses de mais de 600 pequenas ilhas situadas nas imediações da Linha do Equador.
Os Estados Federados da Micronésia dispõem desde 1987 do status de país livre-associado aos Estados Unidos.
O governo americano teme, porém, a ofensiva diplomática da China com suas infraestruturas e empréstimos, além dos esforços para que as Ilhas Marshall e Palaus rompam suas relações com Taiwan. Essa mudança favoreceria a influência do gigante asiático.
"Os Estados Unidos não podem se permitir considerar como garantido o apoio das Ilhas do Pacífico", adverte Elizabeth Economy.
Washington constatou recentemente a importância diplomática do apoio destes pequenos países. Eles estavam entre os poucos da Assembleia Geral da ONU a acompanhar a decisão do governo americano de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A existência destas Ilhas do Pacífico pode ser ameaçada pelo aquecimento global e pelo aumento do nível do mar. Cético a respeito da mudança climática, o governo Trump não parece interessado em fazer desta questão uma de suas prioridades nas relações com a Micronésia.
* AFP