SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dos principais pontos de desembarque para os milhares de migrantes e refugiados que cruzam o Mediterrâneo em busca de melhores condições de vida na Europa, a Itália registra um aumento na proporção de estrangeiros mortos em alto-mar.
De acordo com dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 2.755 imigrantes desembarcaram em portos italianos na primeira metade deste ano. Enquanto isso, a OIM (Organização Internacional para Migrantes) registrou 343 mortes no período no Mediterrâneo Central, principal rota de imigração pelo mar em direção à Itália.
Ou seja: para cada oito imigrantes que desembarcam na Itália, um morre afogado em alto-mar.
A rejeição aos imigrantes é uma das principais bandeiras do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, líder da agremiação ultranacionalista Liga. Seu partido compõe o governo junto aos populistas do Movimento 5 Estrelas.
Desde que chegou ao poder, em junho do ano passado, Salvini anunciou o fechamento de portos para estrangeiros e anunciou multas de até 50 mil euros (R$ 217 mil) para ONGs que realizarem resgates no Mediterrâneo.
No fim de semana, autoridades italianas detiveram Carola Rackete, capitã do navio humanitário Sea Watch, após ela atracar a embarcação ilegalmente no porto de Lampedusa com 40 imigrantes a bordo sem autorização para desembarcar, eles haviam passado mais de duas semanas à deriva.
A detenção da capitã gerou atritos diplomáticos com a Alemanha, país de origem de Rackete, mas foi comemorada por Salvini.
Espero punições severas para quem tem ignorado repetidamente nossas leis Estamos prontos para expulsar a criminosa alemã, disse o ministro italiano em uma rede social na segunda-feira (1º).
Para a ONU, a falta de barcos de resgate no Mediterrâneo arrisca aumentar ainda mais o número de mortes em alto-mar. Se nós não intervirmos em breve, haverá um mar de sangue, afirmou no início de junho Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, de acordo com o jornal britânico The Guardian.