As autoridades maltesas autorizaram, neste domingo (7), a entrada em suas águas territoriais do navio humanitário "Alan Kurdi", da ONG alemã Sea-Eye, com 65 migrantes a bordo.
Depois de negociações hoje com o restante da União Europeia (UE) - e com a Alemanha em particular -, Malta informou que patrulhas locais vão recolher os migrantes que estão a bordo, levando-os para terra firme. O navio não recebeu autorização para atracar.
"Após discussões com a Comissão Europeia e com o governo alemão, o governo de Malta vai transferir 65 migrantes socorridos a bordo do 'Alan Kurdi' para uma unidade das Forças Armadas maltesas, que entrará depois em um porto maltês", afirmou o primeiro-ministro Joseph Muscat em sua conta no Twitter.
Ainda segundo o governo de Malta, nenhum desses migrantes permanecerá em seu território, "já que este caso não é responsabilidade das autoridades maltesas".
"Todas as pessoas socorridas a bordo serão imediatamente redistribuídas para outros Estados-membros da UE", acrescentou.
As forças armadas maltesas também anunciaram terem socorrido neste domingo um grupo de 50 migrantes, a bordo de uma embarcação que afundava em sua zona oficial de resgate no mar. Os homens foram socorridos pelo navio de uma patrulha e chegarão a Malta no domingo à noite.
O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, tuitou que a Alemanha está disposta a receber vários migrantes "no âmbito de uma solução europeia de solidariedade".
Pouco antes, em um tuíte, a ONG alemã Sea-Eye afirmou que três pessoas a bordo do "Alan Kurdi" foram vítimas de uma onda de calor.
"Precisamos, de maneira urgente, de assistência médica e de um porto seguro, para evitar o pior", alertou a ONG.
"Não podemos esperar nos encontrarmos em estado de emergência. Agora, temos de ver se os governos europeus apoiam a posição da Itália. Com vidas humanas não se negocia", havia tuitou a Sea-Eye mais cedo.
O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini (extrema direita), mantém uma dura batalha contra estas ONGs e lhes nega acesso a seus portos. Na última semana, dois barcos de ONGs atracaram na ilha de Lampedusa, desafiando Salvini.
Em junho, Salvini promulgou um decreto, segundo o qual podem ser multados em até 50.000 euros (US$ 57.000) o capitão, o operador, ou o proprietário de um navio que entre em águas italianas sem autorização.
Uma pesquisa publicada no sábado pelo jornal italiano "Corriere della Sera" revela que 59% dos italianos aprovam a decisão de Salvini de fechar os portos.
Neste domingo, o papa Francisco comentou o recente bombardeio na Líbia contra um centro de detenção de migrantes e pediu a organização de "corredores humanitários" para socorrer os migrantes "mais necessitados".
"A comunidade internacional não pode tolerar fatos tão graves", afirmou o papa, após a tradicional oração do Ângelus, na praça de São Pedro.
* AFP