Deputados venezuelanos denunciaram que as forças de segurança governistas bloqueavam, nesta terça-feira (14), os acessos à Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas, horas antes de uma sessão para discutir o indiciamento de legisladores por uma insurreição militar fracassada contra o presidente Nicolás Maduro.
Tropas da Guarda Nacional — encarregada da segurança do Palácio Legislativo —, policiais e agentes da inteligência (SEBIN) estão no prédio e nos arredores, segundo os parlamentares.
— Funcionários da SEBIN, com a desculpa de que há um artefato explosivo dentro das instalações, tomaram o Palácio Federal. Estamos cercados por funcionários da inteligência — disse a deputada Manuela Bolívar.
Desde cedo, os agentes isolaram as entradas do Parlamento, o único poder nas mãos da oposição. Veículos blindados e um guindaste foram colocados nas proximidades. Bolívar denunciou o incidente como "uma intimidação" em meio à disputa entre o presidente do Legislativo, Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, e Maduro.
No dia 5 de janeiro, quando a legislatura começou, a Guarda Nacional também reportou explosivos no edifício.
— Seja em uma praça, nos anexos, debaixo de uma ponte, a Assembleia continuará a realizar sessões e hoje haverá uma sessão — declarou à imprensa o congressista Luis Stefanelli.
Após revolta
Em 7 de maio, a Assembleia Constituinte, espécie de parlamento reconhecido por Nicolás Maduro, tirou a imunidade de dez parlamentares, depois que a Suprema Corte de Justiça os acusou de apoiar a revolta de um pequeno grupo de militares contra Maduro.
A rebelião foi liderada por Guaidó e Leopoldo López, libertado da prisão domiciliar pelos insurgentes e que mais tarde se refugiou na residência do embaixador da Espanha.
Em uma operação incomum que incluiu o uso de um caminhão de reboque para rebocar seu carro, na quarta-feira passada Egdar Zambrano, vice-presidente do Parlamento, foi preso e levado a Fuerte Tiuna, o principal complexo militar da capital venezuelana.
Três outros parlamentares se refugiaram nas residências dos embaixadores da Itália e da Argentina e um outro fugiu para a Colômbia.
Na prática, a Assembleia Constituinte, que governa o país com poderes absolutos, assumiu as funções parlamentares, depois que a mais alta corte de justiça declarou o Legislativo em "desacato".