
O exército do marechal Khalifa Haftar, o poderoso líder militar que controla o leste da Líbia, afirmou neste domingo (7) ter realizado seu primeiro bombardeio aéreo na periferia de Trípoli, sede do Governo de Unidade Nacional (GNA) de Fayez al Sarraj.
Este anúncio foi divulgado na página do Facebook do "escritório de mídia" do Exército Nacional da Líbia (ENL), autoproclamado por Haftar, enquanto violentos combates em terra ocorrem a cerca de 30 km ao sul de Trípoli.
As forças leais ao líder rebelde Khalifa Haftar mantiveram na véspera sua ofensiva rumo à capital da Líbia sem dar ouvidos aos apelos da comunidade internacional para cessarem as hostilidades. O chefe do governo rival advertiu para uma "guerra sem vencedores".
— Estendemos nossas mãos para a paz, mas após a agressão de parte das forças pertencentes a Haftar (...), a única resposta será a força e a firmeza — declarou Fayez al Sarraj, chefe do Governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela comunidade internacional, em discurso televisionado.
O avanço do ENL foi contido pelas operações das forças leais à autoridade rival, o Governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela comunidade internacional e com sede em Trípoli, que tenta frear a ofensiva lançada na quinta-feira (4), quando Haftar ordenou às suas forças avançar em direção à capital.
— Chegou a hora — disse em mensagem de áudio, prometendo não causar danos aos civis, às "instituições do Estado" e aos estrangeiros.
A força de proteção de Trípoli anunciou imediatamente uma contra-ofensiva e os poderosos grupos armados de Misrata se declararam "dispostos a frear o avanço maldito" de Haftar.
Rússia pede diálogo
Desde a deposição, em 2011, de Muammar Kadhafi, a Líbia está mergulhada no caos. O país tem muitas milícias que disputam regiões e duas autoridades rivais, o GNA, e no leste do país, o ENL.
Esta nova escalada ocorre antes de uma Conferência Nacional, auspiciada pela ONU, prevista para meados de abril em Gadamés, sudoeste do país, para esboçar um "mapa do caminho" para tirar o país do caos, com eleições incluídas.
O enviado da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé, disse no sábado (6) que a conferência se mantém, apesar da ofensiva de Haftar contra Trípoli.
— Estamos determinados a organizar esta conferência na data prevista, de 14 a 16 de abril, salvo que circunstâncias de força maior o impeçam — disse Salamé em coletiva de imprensa em Trípoli.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, pediu um "diálogo inclusivo" e "sem os prazos artificiais que alguns tentam impor (aos líbios) a partir do exterior", sem informar a que prazo se referia. Analistas avaliam que a conferência não faz mais sentido.
— Já significava pouco antes da ofensiva de Haftar. Agora significa ainda menos — disse Khalel Harshaui, pesquisador do Instituto Clingendael de Haia.