Em um fato histórico, Chicago elegeu sua primeira prefeita negra e homossexual, para enfrentar os difíceis problemas de desigualdade econômica e violência na terceira maior cidade dos Estados Unidos.
Lori Lightfoot, uma ex-promotora federal e advogada de 56 anos, que jamais ocupou um cargo eletivo, venceu Toni Preckwinkle, também afro-americana, por 74% contra 26% dos votos, segundo resultados preliminares.
Ela se tornará a primeira prefeita abertamente homossexual de Chicago e a primeira mulher afro-americana a ocupar o cargo. Desde 1837, os eleitores desta cidade elegeram apenas um prefeito negro e uma prefeita mulher.
— As pessoas esperam que ocorra algo diferente — disse Lori aos jornalistas antes da apuração.
Os eleitores optaram pela mudança, cansados de uma violência armada que mata mais do que em qualquer outra grande cidade americana e de anos de corrupção política neste tradicional reduto democrata.
Nesta metrópole de 2,7 milhões de habitantes, diversos grupos se queixam há anos das disparidades nas condições de vida entre as comunidades da extensa cidade, onde a violência armada, intensificada por gangues e pelo narcotráfico, afeta diretamente os bairros mais pobres do sul e do oeste, a maioria deles de população negra.
O distrito financeiro, as áreas do norte e as zonas às margens do lago Michigan viveram boom econômico, ao mesmo tempo em que mais de 500 pessoas foram assassinadas no ano passado.
Reformar o departamento de polícia, que detém um sórdido histórico de práticas abusivas, e a prefeitura, atualmente na mira por uma investigação federal por corrupção de um de seus membros, são outras das prioridades.
Lori substituirá Rahm Emanuel, que em dado momento foi um astro do Partido Democrata e o primeiro chefe de gabinete da administração Obama na Casa Branca.
Emanuel sofreu algumas represálias políticas pela gestão do caso Laquan McDonald e decidiu não se apresentar para um terceiro mandato. Em 2014, um policial branco disparou dezesseis vezes contra Laquan McDonald, um adolescente negro de 17 anos, que segurava uma faca, embora estivesse bem afastado do agente.
A divulgação tardia, em 2015, de um vídeo mostrando a morte do adolescente despertou a ira da população e desencadeou meses de manifestações.
Emanuel enfrentou, então, acusações de tentativa de acobertamento. Expulsou o chefe da polícia e embarcou em uma reforma que instituiu algumas mudanças, trabalhou para recuperar a confiança pública e reduzir a violência armada.
O policial, Jason Van Dyke, foi condenado em janeiro a cerca de sete anos de prisão pela morte do jovem.