O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, inicia nesta quarta-feira (20), no Kuwait, uma nova turnê pelo Oriente Médio para intensificar o combate dos Estados Unidos contra o Irã, antes de um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em plena campanha para sua reeleição.
O tema central do "diálogo estratégico" previsto com o governo kuwaitiano é claro e será descortinado nas etapas seguintes de sua viagem. Pompeo viajará para Israel e Líbano.
Trata-se da luta contra a "ameaça que representa a República Islâmica do Irã", resumiu Pompeo, em conversa com a imprensa.
Neste emirado do Golfo, onde chegou na terça à noite, Pompeo considera que o combate deve ser organizado por meio de uma Aliança Estratégica do Oriente Médio, uma aliança político-militar promovida por Washington para unir seus aliados árabes contra o Irã.
Seu principal encontro deste primeiro dia de viagem deve acontecer à tarde, em Jerusalém, onde se reunirá com Benjamin Netanyahu.
Oficialmente, a visita de Pompeo não está ligada ao tenso contexto eleitoral que reina em Israel.
"Vou a Israel, devido à nossa importante relação" e para falar "de temas estratégicos", tentou justificar Pompeo. "Esta relação conta, sejam quais forem os dirigentes".
A visita é amplamente interpretada, porém, como um sinal de apoio ao chefe de governo israelense, que aspira a renovar seu mandato nas eleições de 9 de abril. Ainda mais quando há nenhum encontro planejado com os adversários de Netanyahu.
- Golã, 'controlado', e não 'ocupado' -
Washington considera Netanyahu, que não perde nenhuma oportunidade para denunciar o regime iraniano, como o 'bom aluno' da coalizão contra o Irã que os Estados Unidos tentam montar.
Em Jerusalém, Pompeo visitará a embaixada dos Estados Unidos, transferida de Tel Aviv por ordem do presidente Donald Trump. Uma maneira de recordar que, no final de 2017, Trump reconheceu Jerusalém como capital do Estado hebreu.
Para demonstrar ainda mais esta proximidade, Netanyahu viajará depois para Washington para participar da próxima reunião anual do grande lobby pró-israelense nos Estados Unidos - o Aipac (American Israel Public Affairs Committee).
Semanas depois das eleições em Israel, a Casa Branca apresentará seu plano de paz entre israelenses e palestinos.
Nesta viagem, Pompeo não se reunirá com a Autoridade Palestina.
"Primeiro teriam que querer conversar. Seria um começo", ironizou.
Os dirigentes palestinos se recusam a manter contatos com o governo Trump por sua decisão de transferir a embaixada para Jerusalém.
Desde então, a tensão aumentou. O Departamento de Estado cortou a quase totalidade da ajuda aos palestinos e mantém pouca clareza em alguns temas sensíveis.
Um informe sobre os direitos humanos no mundo publicado na semana passada pela diplomacia americana se refere ao Golã sírio como que está "controlado", e já não mais "ocupado" por Israel, um passo que alguns interpretam como o prelúdio ao reconhecimento por parte dos Estados Unidos da soberania israelense nessa região estratégica.
Uma mudança semântica similar foi constatada no ano passado sobre o tema da Cisjordânia, que já não foi designada como "ocupada".
Washington insiste em que não mudou de política, mas se nega a reiterar qual é essa política.
"As palavras são o reflexo dos fatos, tal como os entendemos", respondeu Pompeo aos jornalistas, ao ser questionado sobre o assuntos.
"É uma declaração factual de como vemos a situação, e pensamos que é muito precisa", acrescentou.
* AFP