O Parlamento britânico aprovou nesta segunda-feira (25) a proposta de realizar uma bateria de votos indicativos na quarta-feira (27) sobre o rumo que deve ser dado ao Brexit, a conturbada retirada do Reino Unido da União Europeia (UE), adiada na semana passada de 29 de março para 12 de abril, no mínimo.
Aprovada por 329 votos — contra 302 de rechaço —, a medida dá ao Legislativo maior peso na escolha dos próximos passos do processo de separação.
Três secretários do governo Theresa May renunciaram a seus cargos para poder desafiar a orientação oficial e endossar a iniciativa: Richard Harrington (Negócios), Alistair Burt (Relações Exteriores) e Steve Brine (Saúde).
Segundo a imprensa britânica, não há maioria hoje na Câmara dos Comuns para nenhuma das soluções possíveis ao impasse em torno do desligamento da UE: um Brexit mais suave — com uma união aduaneira permanente entre as partes —, a realização de um segundo plebiscito ou um adiamento longo da despedida.
Apesar de ter força política, ou seja, de criar um constrangimento para o governo caso este se recuse a segui-la, a decisão dos deputados não tem valor legal.
Na segunda, na abertura do debate na Casa, a primeira-ministra Theresa May indicou que rejeitaria planos que envolvessem uma nova consulta popular ou a manutenção do Reino Unido em uma união aduaneira com a UE após o brexit, mesmo que eles recebessem a chancela da Câmara na série de votos de quarta-feira.
— Acredito que aprovar essa proposta (de votos indicativos) abriria um precedente indesejável, o qual inverteria o equilíbrio de nossas instituições democráticas — afirmou.
A líder conservadora reconheceu ainda não ter apoio suficiente no plenário para submeter seu acordo de saída a uma terceira votação — a primeira derrota, em janeiro, foi por uma diferença constrangedora de 230 votos; a segunda, em 12 de março, por 149.
Na última quinta (21), a UE deu um ultimato a Londres. Se o pacto for aprovado até 29 de março, data original da despedida britânica, o Reino Unido terá até 22 de maio para se descolar do bloco.
Já se o governo não conseguir dobrar o Parlamento nesse prazo, precisará correr para saltar do barco continental em 12 de abril, no mais tardar — a não ser que o Reino Unido concorde em tomar parte nas eleições europeias, no fim de maio, ideia que causa engulhos em May.
Nesse último caso, a UE estaria disposta a negociar um adiamento mais generoso.
— Isso (uma postergação longa) significaria que nós não teríamos sido capazes de garantir a concretização do brexit — disse a chefe de governo, insistindo na necessidade de os parlamentares ratificarem o quanto antes o acordo fechado por ela.
Na mesma sessão parlamentar, foi derrotada a proposta de consultar os deputados sobre uma saída abrupta da União Europeia, sem acordo, caso o impasse prosseguisse a uma semana do novo prazo fixado por Bruxelas.