O navio petroleiro "Elhiblu 1", desviado por imigrantes que foram resgatados, mas que não desejam retornar para a Líbia, chegou nesta quinta-feira a Malta, depois que oficiais da Marinha maltesa retomaram o controle da embarcação durante a noite.
Cinco homens suspeitos de terem realizado o sequestro foram presos, algemados e levados pela polícia.
O "Elhiblu 1", de 52 metros de comprimento, com bandeira da República de Palau, na Oceania, socorreu 108 imigrantes na terça-feira à noite e seguia para Trípoli.
Mas quando se aproximava da cidade líbia, subitamente deu meia-volta e passou a seguir no sentido norte.
O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, afirmou no momento que não eram náufragos e sim "piratas". Ele advertiu que não autorizaria entrada do navio em águas italianas caso seguisse para as costas sicilianas de Lampedusa ou Sicília.
O petroleiro seguiu rumo a Malta e a Marinha do país entrou em contato com o capitão quando estava a 30 milhas da costa.
"O capitão repetiu diversas vezes que não tinha o controle do navio e que ele e a tripulação estavam sob a ameaça de um determinado número de migrantes, que exigiam a viagem até Malta", informou a Marinha em um comunicado.
Um barco patrulha da Marinha de Malta impediu a entrada do petroleiro em águas territoriais maltesas e um comando das forças especiais, apoiado por navios e um helicóptero, subiu a bordo "para devolver o controle da embarcação ao capitão" e escoltá-lo até Malta, indicaram fontes militares.
Escoltado pela Marinha de Malta, o navio petroleiro chegou nesta quinta-feira ao porto de Valeta às 8H30 locais (4H30 de Brasília).
O petroleiro, a tripulação e os 108 imigrantes a bordo serão colocados sob responsabilidade da polícia, que abrirá uma investigação.
"Esta é uma clara demostração de que não estamos diante de operações de socorro de pobres náufragos que fogem da guerra, mas de tráfico criminoso de seres humanos", afirmou Salvini na quarta-feira.
A ONG alemã Sea-Eye, cujo navio Alan Kurdi estava na terça-feira na zona de socorro próxima da Líbia, informou ter ouvido o diálogo entre um avião militar europeu e o capitão, antes e depois da operação de resgate.
"O capitão resgatou as pessoas e pediu ajuda. Ele afirmou claramente no rádio que as pessoas estavam em choque e não desejavam ser levadas de volta à Líbia", indicou a Sea-Eye em um comunicado.
Paralelamente, outros imigrantes foram socorridos e levados de volta à Líbia na quarta-feira pela Guarda Costeira do país africano, informaram Salvini e a Sea-Eye.
Há vários anos os navios comerciais que circulam perto da Líbia são requisitados para socorrer os imigrantes.
Mas como agora a Líbia coordena as operações, a orientação do governo para os navios que fazem esses salvamentos é rumar em direção a um porto do país, o que gera desespero entre os imigrantes, já que muitos arriscam a própria vida para fugir e temem retornar aos flagelos que tentam deixar para trás.
Em várias ocasiões os imigrantes que foram escoltados de volta à Líbia se negaram a descer à terra, sendo retirados à força das embarcações pelas autoridades líbias.
* AFP