Depois de 18 meses presos em Cabo Verde sob acusação de tráfico internacional de drogas, os velejadores Daniel Guerra, gaúcho, e Rodrigo Dantas e Daniel Dantas, baianos, retornaram ao Brasil nesta quinta-feira (14). O grupo responderá em liberdade depois de o primeiro julgamento ter sido anulado.
O trio chegou por volta da 1h em Salvador (BA), acompanhado de amigos e familiares, e deverá conceder entrevista coletiva à imprensa durante a tarde. O gaúcho Daniel Guerra deve ficar alguns dias na Bahia e voltar para o Rio Grande do Sul durante o final de semana.
A página "Liberdade para o Cicloviajante e Velejador Daniel Guerra", criada no Facebook para apoiar o gaúcho, divulgou um vídeo em que Guerra, no aeroporto em Cabo Verde, fala sobre a volta. Ele agradece aos grupos de cicloviajantes e velejadores que o apoiaram e reforça a inocência do trio:
— Estamos aqui no aeroporto, prontos para sair, na maior adrenalina, suando, mas tenho que agradecer a quem rezou por nós e lutou pela nossa inocência. Não estamos aí pelo crime, estamos pela aventura. Pretendo falar mais quando chegar. Ainda não caiu a ficha. Vejo vocês no Brasil! — diz.
Em outro vídeo que circulou em redes sociais, Guerra aparece na área de embarque do aeroporto com o passaporte brasileiro.
— Agora sim, a coisa vai! Eu vou para casa, cara! Esse dia chegou! Só ter paciência. Tá bom demais. Obrigada, meu Deus! — grita, animado.
Os velejadores foram presos ainda em 2017 e soltos somente na última semana. O julgamento inicial, que condenou o grupo a 10 anos de prisão, foi anulado pela Justiça de Cabo Verde, que reconheceu que houve violações à garantia de defesa dos réus. A investigação da Polícia Federal brasileira foi desconsiderada. Um novo julgamento será realizado e o processo segue em 1ª instância, sem indicativo de data para nova decisão.
Os três velejadores saíram em viagem em julho de 2017, atendendo ao recrutamento de uma companhia de entregas internacionais para conduzir uma embarcação de Salvador até Portugal. No casco, porém, estava escondida uma tonelada de cocaína, que foi descoberta quando a equipe teve que atracar em Cabo Verde.
Os brasileiros, assim como o comandante da embarcação, o francês Olivier Thomas, afirmam que desconheciam a existência da droga. Todos foram inocentados no inquérito da Polícia Federal brasileira.
O dono do veleiro, o inglês George Edward Saul, que os contratou para o serviço, desistiu da viagem na última hora e foi de avião até Portugal. Saul, apontado pela PF como "a ponta europeia do grupo criminoso (de tráfico de drogas)", não é investigado no processo que corre em Cabo Verde.