Após ter sido criticado pela comunidade internacional por não assinar o documento do Grupo de Lima em que os países membros afirmaram não reconhecer o novo mandato do ditador Nicolás Maduro, o México sinalizou, nesta quarta-feira (16), que estaria disposto a ajudar a negociar um acordo para o fim da crise na Venezuela.
A informação, divulgada pelo jornal espanhol El País, foi dada pelo subsecretário de Relações Exteriores mexicano, Maximiliano Reyes Zúñiga.
— A diplomacia mexicana está disposta a assumir essa responsabilidade — disse, durante uma sessão no Senado.
Reyes Zúñiga afirmou que o México não quis assinar o documento do Grupo de Lima e preferiu continuar mantendo relações com o governo de Maduro — tendo mandado inclusive um representante para a posse — porque "a prioridade do governo é enfrentar a crise humanitária venezuelana, e com relações cortadas seria muito mais difícil".
E acrescentou:
— O México de nenhuma maneira quer mostrar-se despreocupado com o que ocorre na Venezuela, mas não queremos cair no extremo antagonista em que se encontram as partes envolvidas no conflito.
Por fim, afirmou que o governo do esquerdista Andrés Manuel López Obrador gostaria de "gerar pontes de diálogo e se apresentar como mediador dos conflitos internos do país".
Negociações entre o governo e a oposição já foram tentadas antes, na República Dominicana, com o Vaticano e com o ex-líder espanhol José Luis Zapatero como mediadores. Porém, a iniciativa não der resultados, e Maduro se manteve no poder.
Também nesta quarta, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, publicou via redes sociais, um comunicado em que exige que os EUA "respeitem a democracia venezuelana".
O texto tinha como destinatários, especificamente, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o vice-presidente, Mike Pence, que estiveram em contato com o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e seu líder, Juan Guaidó.
O órgão, eleito em 2015 e de maioria opositora, mas que é considerado "em desacato" e sem poderes pela ditadura, acusa Maduro de usurpar o poder e exige que se retire para que sejam convocadas eleições gerais.
O assessor de segurança dos EUA, John Bolton, respondeu com mensagem nas redes sociais: "Instamos a todos os líderes venezuelanos, incluídos os militares, a defenderem o Estado de Direito e a ordem constitucional".
Bolton disse ainda que a Assembleia Nacional é o único "órgão governamental legítimo e democrático eleito na Venezuela."
Na terça (15), havia a expectativa de que o presidente Donald Trump se pronunciasse oficialmente a favor de que Guaidó assumisse a Presidência, algo que ao final não ocorreu.
Ainda assim, Arreaza disse que os funcionários do governo Trump "pretendem desestabilizar o país e incitar a violência" e que a população venezuelana sairia às ruas para "defender a Constituição".
O texto ainda diz: "Enquanto o presidente Nicolás Maduro procura um diálogo respeitoso com os EUA, o secretário Pompeo e outros porta-vozes extremistas buscam desestabilizar o país."
O governo da Venezuela oltou a culpar os EUA pela "guerra econômica" e um suposto "bloqueio", que estariam causando a falta de remédios e de alimentos, além de dizer que os EUA agora estão "promovendo descaradamente um golpe de Estado".
Segundo divulgou também via redes sociais, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, disse ter falado na terça-feira (15) com Guaidó, mostrando apoio a ele e demonstrando "descontentamento" com Maduro.
Segundo um porta-voz da Casa Branca, "o vice-presidente enfatizou firmemente que os EUA têm o objetivo, junto às outras nações que amam a liberdade, de restaurar a democracia na Venezuela, por meio de eleições livres e justas, colocando fim a crise econômica e humanitária sem precedentes no país que é o berço do libertador Simón Bolívar."