Pelo décimo sábado consecutivo, os "coletes amarelos" iniciaram protestos contra o governo da França. As ruas de Paris foram tomadas pelo grupo de manifestantes mesmo o presidente Emmanuel Macron tendo lançado um debate nacional para discutir as exigências do movimento, que começou por conta do aumento de um imposto sobre o combustível.
Milhares de manifestantes partiram ao meio-dia da esplanada do Palácio Nacional dos Inválidos, no coração da cidade francesa, para uma procissão. O clima era festivo. Cerca de cinco mil policiais acompanham a caminhada, que espera receber em torno de um milhão de manifestantes.
Apesar do frio em Paris, os "coletes amarelos" não se intimidaram. Cartazes com os dizeres que iam contra governo de Macron e ao debate lançado pelo presidente para acalmar a ira foram usados.
— É apenas uma cortina de fumaça — disse Bernard Saidani, um manifestante de 66 anos.
No último sábado (12), pouco mais de 80 mil pessoas protestaram pelas ruas de toda a França — 30 mil a mais em comparação a 5 de janeiro, mas menos em relação aos 280 mil que marcharam em novembro, quando as manifestações começaram.
Violência
Dez pessoas morreram em acidentes relacionados aos protestos desde novembro, a maioria durante bloqueios de estradas, e três mil ficaram feridas, tanto participantes do grupo quanto policiais.
O "Desarmar", um grupo local que faz campanha contra a violência policial, documentou 98 casos de ferimentos graves desde os primeiros protestos, incluindo 15 casos de pessoas que perderam um olho, especialmente pelo uso de balas de borracha por parte da polícia.
Com este diálogo nacional o presidente tenta arrefecer as manifestações dos "coletes amarelos", um coletivo de franceses que protesta em todo o país desde meados de novembro contra a política social e fiscal do governo, que considera favorecer os ricos.
— Acho que podemos converter este momento que a França atravessa em uma oportunidade — considerou Macron durante um encontro com 600 prefeitos e representantes locais em Grand Bourgtheroulde, um pequeno povoado da Normandia.
O presidente também reiterou o pedido para acabar com a violência que manchou alguns protestos:
— A ira nunca trouxe soluções.
A reunião marcou o início de dois meses de diálogo nacional que será estruturado em torno de quatro grandes temas: o sistema fiscal e a ação pública, o funcionamento do Estado e dos coletivos públicos, a transição ecológica e a democracia.